Belinda Fortes, 33 anos, natural de São Vicente, é uma jovem de mão cheia quando o assunto é pastelaria. Herdou o gosto pela cozinha aos 12 anos, sendo uma das nove filhas que “Nha Maria” de Fortim del Rei (antiga prisão de São Vicente) criou com a venda de cuscuz.
Após cuscuz “sabim” de Nha Maria, as filhas decidiram também tentar ganhar a vida na cozinha. “A minha irmã começou a fazer pastel, croquete e rissóis para vender, pois a minha mãe tinha deixado de fazer cuscuz. Depois disso, ela teve uma oportunidade para estudar na cidade da Praia e aproveitou. Foi assim que eu dei continuidade ao seu trabalho”, contou a jovem, que, com o tempo desafiou a si mesma a aprender mais sobre a área. E assim aconteceu. “Hoje faço todos os tipos de salgados”.
Apesar do gosto e aptidão, Belinda Fortes confessa que nunca tinha pensado em ser pasteleira. Em 2016, formou-se em Relações Públicas e Secretariado Executivo, em Mindelo, dando início a sua carreira dos sonhos.
Conseguiu um emprego em uma empresa privada, na cidade da Praia, mas com a chegada da pandemia em 2019, foi mais uma atirada para o desemprego e teve que arranjar uma outra forma de viver, para se auto-sustentar, estando fora da sua ilha.
“Foi assim que eu me dediquei à pastelaria com mais afinco até que ela tornou-se a minha maior fonte de rendimento. Hoje faço salgados para todos os tipos de festas, a pedido dos clientes, por encomenda, nas redes sociais”, explicou.
Tendo em conta a sua área de formação, a jovem disse que tem aplicado “relações públicas” no seu negócio, uma mais-valia para atrair mais clientes e fazer avançar o seu negócio.
Hoje, instalado em Terra Branca, cidade da Praia, Belinda Fortes diz que tem dedicado muito ao seu negócio, com ideia de abrir mais à frente a Pastelaria Nha Maria, uma forma de juntar o útil ao agradável – Auto-sustentabilidade e homenagem à sua mãe.
“A Pastelaria Nha Maria já existe. Só que de forma virtual, porque esta é a minha página do Facebook, onde as pessoas fazem encomendas. Mas, a ideia é abrir uma pastelaria física, com o mesmo nome”, contou, revelando que já fez até o estudo de viabilidade para abrir o seu próprio negócio.
Belinda admite que ter perdido o emprego não foi uma coisa boa, mas reconhece que as reviravoltas na vida das pessoas acontecem e que é preciso sempre ter um “plano B”.
“Gostaria de voltar a trabalhar na minha área porque é uma coisa que eu gosto. No entanto, hoje reconheço a necessidade de auto-sustentabilidade para mais e melhor garantia. E acredito não estar tão longe do meu sonho, uma vez que posso conciliar o meu curso com o meu negócio. Afinal, Relações Públicas tem tudo a ver com relações com os clientes”, terminou.