A presidente da Associação das Mulheres Empresárias de Cabo Verde e da Diáspora (AMES-CD), Eunice Mascarenhas, afirmou hoje que a reposição do IVA dos 10 para 15% no sector do turismo é uma medida “injusta e traiçoeira”. A mesma recorda que havia um compromisso do Governo em manter a taxa nos 10%.
“Não é possível que o Governo, tendo visto alguns boeings na pista do aeroporto do Sal, acha que tudo passou, e então vamos repor as coisas como estavam”, analisou a representante, em declarações à Inforpress.
Eunice Mascarenhas disse que os operadores do sector ficaram estupefactos com a medida, já que havia um compromisso assumido pelo Governo, através do vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, da manutenção do IVA no sector do turismo nos 10%.
“Consideramos a medida traiçoeira porque houve uma imposição por parte dos partidos com assento parlamentar, que só iriam viabilizar o Orçamento do Estado com a condição de que não haver o aumento do IVA a nível nacional para todos os cidadãos”, clarificou, acrescentando que os operadores não foram ouvidos.
Em relação à restauração adiantou que houve um compromisso do actual executivo, já na legislatura anterior, no sentido de se rever a taxa do IVA que passou dos anteriores 8% para 15%, tendo em conta a “reconhecida injustiça” face aos outros sectores.
“Não se fez isso. Deu-se a pandemia e todo o sector, numa atitude patriótica, aceitou essa situação e não se falou nisso. É justo reconhecer que, atempadamente, o Governo baixou o IVA para 10% e nós, mesmo considerando que não é a taxa justa, compreendemos e aceitamos”, sublinhou.
Problemas de tesouraria
A presidente da AMES-CD sublinhou que a maioria das empresas teve problemas de tesouraria e, neste momento, estão com despesas acrescidas devido às moratórias e retoma do pagamento dos juros, pelo que considera que o momento não é oportuno para a reposição do IVA, já que vai complicar, ainda mais, a vida dos empresários que passaram por muito sufoco.
“A tudo isso acrescenta ainda o aumento dos custos de factores, nomeadamente da energia. Como é que as empresas vão sobreviver?”, questionou.
Neste sentido, a representante dos operadores económicos do sector do turismo e actividades conexas, pede ao Governo e aos partidos com assento parlamentar que, junto com os operadores, tentem ver qual é a melhor solução para reverter essa situação que “é de facto muito injusta”.
C/ Inforpress