O Comité de Proteccão de Jornalistas (CPJ) reagiu esta sexta-feira, 21, à alegada constituição do jornalista do Santiago Magazine, Hermínio Silves, como arguido num processo de investigação sobre crime de violação segredo de justiça. Esta autoridade internacional apela às autoridades cabo-verdianas para “desistirem de investigar” o jornalista em questão e incentiva os jornalistas em Cabo Verde a denunciarem supostos abusos cometidos funcionários públicos.
Numa nota publicada no site desta instituição, com sede em Nova York, o CPJ disse que as autoridades cabo-verdianas devem “desistir” da investigação ao jornalista Hermínio Silves e que não devem obrigar os jornalistas a divulgar a informação sobre as suas fontes ou criminalizar a divulgação de informação de interesse público.
“Os promotores em Cabo Verde devem parar de perseguir o jornalista Hermínio Silves e devem abandonar sua expedição de pesca em suas fontes confidenciais”, lê-se numa nota publicada no site do Comité para a Protecção dos Jornalistas, que cita Ângela Quintal, coordenadora do programa África do CPJ.
É mais uma reação que vem na sequência da publicação, a 28 de Dezembro do ano passado, pelo jornal online Santiago Magazine, da notícia de que o Ministério Público está a investigar o ministro da Administração Interna, Paulo Rocha, por homicídio agravado.
O referido jornal e o seu redactor e director, Hermínio Silves primeiramente foram chamados como testemunhas, seguidamente foram constituídos arguidos, alegadamente por violarem o segredo de justiça, mas depois levantou-se a hipótese de que, afinal, poderão responder por “desobediência qualificada”.
Até este momento, segundo os constituintes, não ficou clarificado em que condição vão para a Procuradoria-geral da República no dia 26 de Janeiro, para serem ouvidos.
O caso publicado pelo diário digital Santiago Magazine remonta a 2014, quando o actual ministro da administração Interna era diretor-adjunto da Polícia Judiciária e o cidadão Zezinho Denti D’Oru, suposto assassínio da mãe de uma inspectora da polícia judiciária que investigava o caso de narcotráfico – Lancha Voadora foi morto numa operação da PJ.
Na mesma nota, o CPJ disse ainda ter recebido da assessoria do ministro Paulo Rocha uma declaração do governante negando todas as acusações contra ele e acrescentando que defenderia sua dignidade, seu “bom nome” e imagem pública “com todos os meios legais disponíveis”.
Aquela organização internacional disse ainda ter falado com o presidente da Associação dos Jornalistas de Cabo Verde (AJOC), Geremias Furtado, que disse via um aplicativo de mensagens que considera a investigação um ataque à liberdade de imprensa.
E citou ainda as declarações do Presidente da República de Cabo Verde, José Neves, disse aos jornalistas que se deve fazer todo o possível para proteger a liberdade de imprensa, para mostrar que o jornalista não deve ser inibido de fazer o seu trabalho.
C/ Inforpress