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Opinião

Heróis Anónimos

Por: Natalina Andrade

Tanha, António, Bia ou Pedro… o seu nome não importa. Hoje, 20 de Janeiro, é o seu dia.

Muitos são os heróis e heroínas que lutam, diariamente, para levar a vida nestes dez grãozinhos de terra, que definir um nome não faz a menor diferença.

Ele que, por vezes, dorme de estômago vazio e acorda antes do galo cantar, na esperança de colher hoje mais do que ontem.

Ela que tira da própria boca para alimentar as crias e sorri, como se de uma fortaleza se tratasse, enquanto engole a amargura.

Heroína que esconde a própria dor para acolher e acalmar o calo do outro.

Herói dos seus filhos, mas, na mais das vezes, um “Zé Ninguém” para o resto do mundo.

Lava o seu carro, esfrega-lhe o chão, tenta, de todas formas lhe vender uma maçã, banana e guloseimas mil, mas que, mesmo assim, ainda é chamada de inconveniente.

Sim, inconveniente. Este país é inconveniente para esta mulher, mãe, pai, jovem sonhador e outros tantos.

Desacreditado. De estômago cheio, só se for de promessas. Agredida, abusada, violentada…abandonada.

Sonhos destruídos e um ser inocente que nada conhece deste mundo e tão cedo já quer desistir de tentar.

Esquecidos, subjugados, desprezados.

Enganados. Desacreditados.

Fartos, mas não de pão. Fartos de tanta coisa, mas não de pão.

Heróis anónimos. Meros clandestinos. Gente com talento, à espera de uma oportunidade, numa terra em que as oportunidades chegam a rarear.

Subjugados, esquecidos, maltratados.

Até quando?

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