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Covid-19

Réveillon de contingência: Passagem do ano sem festejos populares 

O Governo apertou o cerco. Os bailes populares, de passagem do ano, estão proibidos em todo o arquipélago como medida de contingência devido ao aumento de casos de Covid-19. O baile mais popular, o da Rua de Lisboa, em São Vicente, fica anulado. Na Praia o quadro repete-se.

Após várias críticas de autoridades de saúde, movimentos sociais e da sociedade civil sobre a realização de bailes populares de passagem do ano, nomeadamente em São Vicente, que se opunha ao bom-senso, o Governo pôs um ponto final às celebrações públicas. 

Em São Vicente, o autarca Augusto Neves, já tinha anunciado a realização da tradicional festa, com a confirmação do cantor Djodje. Para Neves, a passagem de ano na Rua de Lisboa seria uma forma de evitar a junção de pessoas em festas particulares e de incentivar a vacinação contra a Covid-19.

“Todos sabemos que ninguém vai ficar em casa. Se trancarmos tudo vai ser complicado. Estão aqui muitas pessoas, sobretudo emigrantes em gozo de férias. É impossível fugir da realidade da pandemia”, avançou Augusto Neves, opondo-se ao desaconselhamento das autoridades de saúde.

Parte da sociedade civil e o Movimento para o Desenvolvimento de São Vicente (MDSV) repudiaram o anúncio do baile. Para Maurino Delgado, líder do MDSV, a realização do espectáculo seria desautorizar e fragilizar as autoridades sanitárias, prejudicar a luta contra a Covid-19 e dificultar a retoma económica. 

 “Não se pode ignorar a variante Ômicron que está a causar uma grande preocupação na Europa pelo elevado grau de transmissibilidade, pelo que não se pode baixar a guarda”, reagia Maurino Delgado.

 Festas privadas mediante testes 

Com as medidas actuais, todas as celebrações populares ficam proibidas no país e os eventos particulares, com lotação superior a 40 pessoas, devem ser realizados com a apresentação de testes RT-PCR ou antigénio negativo, além do certificado de vacinação com as duas doses. 

Todas as actividades, com número elevado de pessoas, devem ser realizadas em espaços que permitam a delimitação do evento e o “rigoroso” controle da entrada de participantes. Os eventos que não respeitarem as regras terão as instalações encerradas.

Os movimentos sociais congratulam-se com as medidas restritivas. Para o Observatório da Cidadania Activa, sedeado no Mindelo, a proibição de eventos públicos traz um alívio a todos os cidadãos, aos técnicos de saúde e a toda sociedade que tem demonstrado preocupação em relação aos eventos que estavam programados.  

“Com esta decisão, ora tomada pelo Governo, evitou-se expor os são vicentinos e toda a sociedade cabo-verdiana  a um elevado risco de contágio por SARS-COV-2, apesar da boa taxa de vacinação que se regista no país”, congratulou-se o observatório.

 Na mesma linha, a Associação para o Desenvolvimento da Praia (Pró-Praia) fica satisfeita com as restrições. Para  o seu presidente, José Jorge de Pina, não se esperava outras medidas “senão essas”, mas pede que o Governo vá mais além e proíba, antecipadamente, os festivais e o carnaval, tendo em conta que já há investimentos a serem feitos.

 “Não era de esperar outras medidas senão essas. Não mexem com a alguma retoma económica que se iniciava. Nós consideramos equilibrada. Mas, o Governo e as autoridades de saúde devem ir mais além e proibir festivais e carnaval já de agora para evitar com que os promotores façam investimentos, como já está a acontecer”, considera Jorge de Pina. 

Promotores de eventos reúnem-se com IGAE 

Face às novas medidas apresentadas, os promotores de eventos reuniram-se, na Praia, com a Inspeção Geral das Atividades Económicas e Proteção Civil para esclarecimentos.

 Sócrates Carvalho, do Sigui Sabura, concorda com as medidas impostas e é da opinião que os promotores de eventos já tinham noção da piora da situação. “O Governo tinha que tomar medidas porque os casos estão a aumentar, mas foram coerentes em não cancelar os eventos já agendados porque, neste momento, é difícil mudar totalmente a logística dos eventos “, disse à imprensa.

 Este promotor pede ao Governo a criação de condições para que os promotores de eventos no país possam estar em condições de cumprir todas as medidas impostas, principalmente no que toca à realização de testes antigénio e PCR. 

 “Queremos que o Governo crie condições. Por exemplo, no dia 31 há vários eventos e consequentemente muita gente vai fazer testes. E se toda a gente for fazer teste ao mesmo tempo é mais um problema para a saúde pública”, pontua Sócrates Carvalho.

Para o director das operações da operação civil, Hélio Semedo, os operadores devem cumprir as novas medidas a rigor e lembra que, muitas vezes, há descumprimentos e relaxamento dos promotores na fiscalização das medidas e na entrada de participantes sem certificado de vacinação. Para os grandes eventos é permitido a presença de até 500 pessoas e as festas de rua proibidas em mais um réveillon em cenário pandémico. 

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 748, de 30 de Dezembro de 2021

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