A Comissão Nacional de Eleições (CNE) destacou, no seu relatório de actividades de 2020, o reforço da participação política nas eleições autárquicas realizadas no ano em apreço em Cabo Verde, disse ontem à imprensa a presidente da instituição.
Maria do Rosário Gonçalves avançou esta informação momentos depois de entregar ao presidente da Assembleia Nacional, Austelino Correia, o relatório de actividades da CNE referente ao ano de 2020.
“O relatório de actividades de 2020, sendo um ano eleitoral, retrata, em grande parte, os assuntos decorrentes das eleições municipais de 2020. Tendo sido um ano que foi fortemente condicionado pela pandemia global da covid-19, naturalmente que as eleições municipais foram fortemente afectadas”, realçou.
Mesmo assim, Maria do Rosário Gonçalves, ressaltou que, no entendimento da CNE, Cabo Verde saiu “vitorioso” dessas eleições.
Esta responsável frisou que também os partidos políticos e os grupos de cidadãos foram capazes de ultrapassar as dificuldades ou complexidades adicionais trazidas pela covid-19.
Anda assim, notou que os eleitores se viram fortemente condicionados na sua participação política na questão da deslocação às assembleias de voto, dado ao perigo de contágio com a covid-19, embora se tenha registado um aumento na ordem de 7% naquilo que representa os votantes em relação à participação nas eleições de 2016.
“Consideramos que Cabo Verde saiu fortemente reforçado, a participação política também saiu fortemente reforçada das eleições municipais de 2020. Os ganhos foram enormes, naturalmente ainda há grandes desafios a serem vencidos para a consolidação de um processo eleitoral robusto, íntegro e, sobretudo, politicamente inclusivo, que nós almejamos”, prosseguiu.
No relatório, a CNE faz também menção de que a luta por este “processo eleitoral robusto, íntegro e politicamente inclusivo” deve continuar porque “ainda há barreiras a serem ultrapassadas e a luta deve continuar neste sentido”.
Desafios à própria CNE
“Dada à natureza arquipelágica do País, tivemos algumas dificuldades em operacionalizar as eleições em todas as assembleias de voto, mas, sobretudo, tivemos muitas dificuldades em conseguir fazer a composição das mesas, que parece um assunto aparentemente simples, mas que, dado ao contexto da pandemia, tivemos muitas desistências e resistências das pessoas em comparecerem para assumirem funções nas mesas de votos”, revelou.
Na altura, relembrou Maria do Rosário Gonçalves, foi “público e notório” que houve fragilidades nesse ponto.
“A composição das mesas é uma das questões que nós já fizemos a nossa recomendação no sentido de merecer a atenção dos parlamentares aquando da revisão do código eleitoral”, finalizou.
C/ Inforpress