O Presidente da República, o PAICV e o MpD lamentaram, terça-feira, 21, o falecimento de Corsino Tolentino, considerando tratar-se de uma “grande perda para Cabo Verde” o desaparecimento físico, ontem, na cidade da Praia, daquele que foi Combatente da Liberdade da Pátria, ex-ministro da Educação, diplomata e embaixador de Cabo Verde em vários países.
“Trata-se de uma enorme perda para Cabo Verde. Corsino Tolentino foi um combatente destemido pela liberdade e sempre foi um defensor acérrimo da dignidade das cabo-verdianas e dos cabo-verdianos”, realçou o Presidente da República, José Maria Neves.
José Maria Neves lembrou que, enquanto diplomata, Corsino Tolentino deu um contributo “muito grande” para o reforço das relações de Cabo Verde com o mundo, particularmente, com Portugal e outros países da União Europeia onde representou Cabo Verde.
Realçou ainda que também enquanto governante na área da educação deu um contributo “muito forte” para o reforço do sistema educativo cabo-verdiano e para a reforma da educação em Cabo Verde.
“Com ele foi aprovada a primeira Lei de Bases do sistema educativo cabo-verdiano que lançou os alicerces para o desenvolvimento do sistema educativo cabo-verdiano”, recordou o Presidente da República.
Por outro lado, sublinhou que Corsino Tolentino foi um homem que desempenhou com “muita assertividade” a sua cidadania e deu um grande contributo para a elevação do debate político em Cabo Verde.
PAICV consternado
O Partido Africano para a Independência de Cabo Verde (PAICV), onde militou Corsino Tolentino, também reagiu à sua morte com “muita consternação”, recordando que foi um “militante exemplar” e que deixou imenso legado político e cultural ao país.
Em comunicado assinado pelo presidente do PAICV, Rui Semedo, este apresenta a sua solidariedade aos familiares e amigos, os “sentimentos de profundo pesar” pela morte daquele que foi Combatente da Liberdade da Pátria e que ainda jovem aderiu à causa da luta de libertação nacional.
Segundo o documento, Corsino Tolentino desempenhou “várias e complexas missões com elevado espírito patriótico de entrega à missão do engrandecimento da pátria que o viu nascer”.
“André Corsino Tolentino era natural da ilha de Santo Antão, mas tornou-se um cidadão por inteiro de todas as ilhas para se tornar também um cidadão do mundo tendo em conta a sua mente aberta e a sua disponibilidade para aprender sempre”, refere.
O PAICV recorda o homem que deu um “valioso contributo” ao processo de mudança política em 1991, como um dos integrantes do grupo dos negociadores, indicados pelo partido, para o processo de mudança política para o multipartidarismo, numa transição considerada por todos como bem-sucedida.
Profunda tristeza para o MpD
O Movimento para a Democracia (MpD), por sua vez, recebeu a notícia com “tristeza e profundo pesar”, segundo o comunicado chegado a esta redação, assinado pela secretária-geral Filomena Delgado.
“Cabo Verde sofreu uma grande perda, a perda de um Combatente da Liberdade da Pátria, de um homem simples, culto e que gostava de conversar e debater sobre assuntos de política, cultura e sociedade”, refere o documento.
Segundo diz o partido, era impossível resistir ao seu espírito generoso e ao seu bom humor, descrevendo-o ainda como um pensador livre, intelectual respeitado e de fino trato.
“Será lembrado como um ilustre cabo-verdiano que amava profundamente o seu país”, lê-se na mesma nota.
André Corsino Tolentino faleceu ontem, terça-feira, 21, na cidade da Praia, vítima de doença prolongada.
No período pós-independência, desempenhou elevadas funções político-partidárias, foi distinto diplomata e embaixador jubilado.
Tido como um homem culto, sagaz e de fino trato, Corsino Tolentino também desempenhou as funções de ministro da Educação, secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e embaixador de Cabo Verde em vários países, nomeadamente em Portugal.
Foi ainda consultor do Banco Mundial e promotor da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP), do Instituto da África Ocidental (IAO) e colaborador assíduo da imprensa, tendo-se revelado ainda como escritor, para além de vários cargos de relevo de que se destacam o de administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, professor universitário, sócio correspondente da Academia de Ciências de Lisboa.
C/ Inforpress