“Cabo Verde, um corpo que se recusa a morrer, 70 anos contra fome, 1949-2019”, novo livro de José Vicente Lopes, é apresentado esta quinta-feira, 02, em Mindelo, seguido de Santo Antão, nos dias 3 e 4. A obra aborda as crises de fome que assolaram o país, com especial enfoque na última crise, que culminou no Desastre da Assistência, em 1949.
O livro, do escritor e jornalista José Vicente Lopes, faz um retrato das crises de fome que assolaram o país até 1949, ano que também ficou marcado pelo Desastre da Assistência que matou, oficialmente, 232 pessoas.
Para além de razões climatéricas, especificamente secas prolongadas, o autor mostra que as ondas de fome que mataram milhares de pessoas na então colónia portuguesa deveram-se, também, à forma como a vida estava organizada neste arquipélago, sob a gestão ultramarina.
“A crise de 1947-49 fica marcada no tempo pelo Desastre da Assistência, que ocorreu na cidade da Praia a 20 de Fevereiro de 1949. É a partir dessa tragédia que o quadro começa a mudar, através, nomeadamente, de uma gestão mais cuidada da questão alimentar neste arquipélago”, sublinha o autor.
“Entre outras razões, o quadro internacional mudou na altura, em primeiro lugar com o fim da Segunda Guerra Mundial e, em segundo, pela criação da Organização das Nações Unidas (ONU), que passou a exigir contas às potências coloniais da gestão dos territórios ultramarinos na sua posse”.
Além de trazer factos, silenciados pela censura do Estado Novo, regime de António de Oliveira Salazar que durou em Portugal entre 1932 e 1974, este novo livro do autor de “Os bastidores da independência” faz também uma ponte com a realidade actual, mostrando o que foi sendo feito nos últimos 70 anos, para que o país não mais sofresse com as crises de fome.
O livro, de cerca de 300 páginas, foi apresentado na Cidade da Praia, no passado dia 18 de Novembro, na Assembleia Nacional, e na ilha do Sal, no dia 25.
A apresentação em São Vicente estará a cargo de Olavo Luz, esta quinta-feira, 2, no Auditório B da Universidade do Mindelo, pelas 18h.
De seguida, o autor leva o livro também para Santo Antão, nos dias 3 e 4, mais precisamente aos concelhos da Ribeira Grande, pelas 17h30, e Porto Novo, às 10h30, respetivamente.