A obra “Cabo Verde: Um corpo que se recusa a morrer – 70 anos contra fome, 1949-2019”, d o escritor e jornalista, José Vicente Lopes, é lançada esta quinta-feira,18, na cidade da Praia, às 18 horas, na Assembleia Nacional.
Em “Cabo Verde: Um corpo que se recusa a morrer – 70 anos contra fome, 1949-2019”, José Vicente Lopes resgata as memórias das crises famélicas que assolaram este arquipélago até 1949, ano que ficou marcado pelo Desastre de Assistência, que matou, oficialmente, 232 pessoas.
Um livro que surge numa altura em que, por força da covid-19, o espectro da fome volta a ensombrar estas ilhas.
José Vicente Lopes, fala, neste seu novo livro, das crises de fome que Cabo Verde foi registando até 1949, devido a razões climatéricas, mas também à forma como a vida estava organizada neste arquipélago, enquanto colónia portuguesa.
Cabo Verde, como defende, foi sendo marcado, por sucessivas crises de fome, uma vez que, por causa das secas, não havia produção interna suficiente para alimentar o número de bocas existentes.
“A crise de 1947-49 fica marcada no tempo pelo Desastre da Assistência, que ocorreu na cidade da Praia a 20 de Fevereiro de 1949. É a partir dessa tragédia que o quadro começa a mudar, através, nomeadamente, de uma gestão mais cuidada da questão alimentar neste arquipélago”, sublinha o autor.
“Entre outras razões, o quadro internacional mudou na altura, em primeiro lugar com o fim da Segunda Guerra Mundial e, em segundo, pela criação da Organização das Nações Unidas (ONU), que passou a exigir contas às potências coloniais da gestão dos territórios ultramarinos na sua posse”.
Além de trazer factos, silenciados pela censura do Estado Novo, regime de António de Oliveira Salazar que durou em Portugal entre 1932 e 1974, este novo livro do autor de “Os bastidores da independência” procura mostrar que as crises de fome se deveram, sim, às secas no arquipélago, mas muito também ao regime político e gestão a que estas ilhas estavam sujeitas, enquanto parte do império colonial português.
“À semelhança de outras paragens, as fomes em Cabo Verde não resultavam apenas das crises pluviométricas, mas também da incapacidade do Estado português de gerir convenientemente o território cabo-verdiano”, assegura JVL.
“Basta dizer que só em 1942 é o que Estado passou a fazer reservas alimentares, mesmo assim insuficientes para enfrentar a crise de 1947-49”.
Para saber mais sobre esta obra, confira a reportagem completa na edição 742 do Jornal A NAÇÃO desta quinta-feira,18.