O primeiro-ministro disse ontem na abertura da 24.ª edição da Feira Internacional de Cabo Verde (FIC), que a retoma económica prevista para o próximo ano será acompanhada de “algum agravamento da carga fiscal” e que a consolidação orçamental implica diminuição da dívida pública.
“Temos de aguentar a forte turbulência deste momento de crise, fazer os ajustamentos necessários e relançar a economia”, afirmou Ulisses Correia e Silva, ao presidir ao ato de abertura da 24.ª edição da Feira Internacional de Cabo Verde, que decorre de 18 a 20 deste mês na cidade da Praia.
Anunciou que para a retoma económica vão ser reforçadas as medidas de apoio às empresas, no valor de nove milhões de contos de linhas de crédito, além da criação de Fundo de Impacto para apoio às pequenas e médias empresas.
Informou, por outro lado, que vão ser aceleradas as reformas, com especial incidência nos transportes aéreos e marítimos, assim como na gestão dos aeroportos e dos portos marítimos.
O chefe do Governo admitiu ainda que uma das reformas consistirá na revisão do Código Laboral, segurança social, modernização e digitalização da administração pública e na melhoria do “doing business”.
“O país está a viver momentos difíceis, mas é transitório. A economia mundial irá recuperar e a economia cabo-verdiana também”, sublinhou Correia e Silva, acrescentando que numa perspetiva de médio e longo prazo o País privilegia investimentos em “transformações estruturais que tornem a economia mais resiliente e mais diversificada”.
Para o primeiro-ministro, o sector privado terá um “papel relevante” nessas transformações.
Para o chefe do Governo, há “sinais positivos” da retoma da economia e há uma procura externa de Cabo Verde para investimentos.
“Em 2020, foram aprovados novos projetos privados no valor superior a 1.200 milhões de euros”, assegurou, reconhecendo que a retoma da economia se faz num “clima de incerteza e com fortes restrições nas finanças publicas”.
Reiterou que para o presente ano, estimativas apontam para um “crescimento económico entre 6,5 e 7,5%”, enquanto para 2022 a previsão é para 6%.
“Sistema laboral caduco” – Scapa
Já o presidente do conselho de administração da FIC, Jorge Spencer Lima, apelou às autoridades no sentido de dotarem o país de uma lei laboral “mais flexível”, acrescentando que este sistema “está caduco” e, assim, frisou, “constitui um empecilho ao desenvolvimento de negócios em Cabo Verde”.
Outra questão que preocupa os empresários, de acordo com Jorge Spencer Lima, é a problemática dos transportes aéreos e marítimos no arquipélago.
“Temos que resolver definitivamente a questão das ligações marítimas e aéreas no nosso País para que de facto a economia possa crescer e para que as empresas possam desenvolver-se”, indicou o presidente da Câmara do Comércio de Sotavento.
Além disso, lançou o desafio ao primeiro-ministro que se prende com a burocracia na administração pública cabo-verdiana que é um “grande empecilho”, lamentou Spencer Lima.
Conforme a organização, no total vão estar na FIC 2021, 125 empresas, das quais 66% são cabo-verdianas e 34% estrangeiras, para ocupar cerca de 30 stands.
Para além dos expositores cabo-verdianos, estão inscritos expositores de Portugal, que representam 23% das empresas estrangeiras, da Alemanha, dos Estados Unidos da América, da China, da Mauritânia e da Áustria, que juntos representam 11% do total das empresas.
C/Inforpress