Eduardo Vieira Fontes, 99 anos, morreu no passado dia 9, nos EUA, país onde residia há mais de 40 anos.
A notícia do passamento de Dadinho Fontes, como era também conhecido, foi dada pela sua sobrinha Cristina Fontes, antiga ministra dos governos de José Maria Neves, na sua página do Facebook.
Natural de Santa Catarina de Santiago, Eduardo Vieira Fontes foi o último director do Campo de Trabalho de Chão Bom, também conhecido por Campo de Concentração do Tarrafal.
Vieira Fontes foi, aliás, o único director cabo-verdiano dessa colónia penal, construída e aberta em 1936, para encarcerar os inimigos do regime de António de Oliveira Salazar, que durou em Portugal e no seu império colonial até o 25 de Abril de 1974.
Reaberta em 1961, agora com o nome de Campo de Trabalho de Chão Bom (CTCB), esta prisão recebeu nacionalistas de Angola, Guiné e finalmente Cabo Verde até a queda do salazarismo em 1974.
Funcionário colonial, em Angola, Eduardo Vieira Fontes foi director do CTCB entre 1967 e 1974. A memória que a generalidade dos antigos presos, sobretudo os cabo-verdianos, guardam dele não é a melhor.
Depois de Portugal, Vieira Fontes fixou-se nos EUA. Aqui escreveu dois livros, o mais importante dos quais é “Guia de marcha, Notas da memória”, publicado em 2006, onde conta a sua passagem como director do CTCB. E se defende também daqueles que o retrataram como um torcionário sádico e perverso, além de outros adjectivos nada abonatórios.
Além dos dois livros, Eduardo Vieira Fontes deixa artigos dispersos na imprensa luso-americana da região da Nova Inglaterra, além da revista cabo-verdiana “Arquipélago”, dirigida por Teobaldo Virgínio.