José Maria Neves (JMN), eleito Presidente da República de Cabo Verde, no passado dia 17 de Outubro, à primeira volta, com 51,75% dos votos (95.974), é empossado esta terça-feira,9, numa cerimónia que tem lugar na Assembleia da República, Praia, pelas 10h. A partir de hoje, Cabo Verde passa a ter oficialmente um novo Presidente da República. JMN garante que será “muito activo” e “actuante”, que vai privilegiar a política de amizade, os consensos que melhor servirem os interesses de Cabo Verde e da população, mas alerta que não será um presidente “omisso”. Será um “ouvidor” e um “árbitro” e um presidente de “todos”.
Praticamente três semanas depois da sua eleição, JMN é empossado oficialmente como Presidente da República de Cabo Verde esta terça-feira,9, numa cerimónia que tem lugar na Casa Parlamentar, a partir das 10h.
Em entrevista ao A NAÇÃO, dias antes da sua tomada de posse, JMN traçou as linhas mestras daquilo que se pode esperar dele, enquanto Chefe de Estado de Cabo Verde, deixando claro que, o PR não tem um programa como o Governo, pois as atribuições são distintas, conforme a Constituição, mas que, como tem dito, o PR “cuida”, “do espírito e da alma da nação”. “É um árbitro, é um moderador do sistema”
Para cuidar desse espírito, garante que há três áreas que vai priorizar.
“Ser o primeiro embaixador da República para levar Cabo Verde e trazer o mundo a Cabo Verde, mobilizando parcerias para, por um lado, reconstruir o país no pós-pandemia e, por outro, acelerar o passo da modernização. Quero ser o principal embaixador cultural do país. A cultura é o nosso diamante. São as nossas pedras preciosas e, então, terei de fazer absolutamente tudo para promover a cultura cabo-verdiana. Simbolicamente, agora que eu fui ao Gana, levei um CD do Ildo Lobo, que é um dos príncipes da música cabo-verdiana. Penso, enquanto PR, levar embaixadas culturais, músicos, escritores, artistas plásticos, penso promover a investigação nos mais diferentes domínios”.
Nas áreas de intervenção, planeia, ainda na sua magistratura de influência, “trabalhar” com as autarquias locais para promover o conhecimento da história de Cabo Verde. “Nós temos uma história riquíssima, que precisa ser revelada e só quem tem um passado tão grande como o nosso, pode construir um grande futuro”.
“E também penso ser um ouvidor geral da República. Ouviras pessoas, estar nas ilhas, estar com as pessoas, ouvir os seus sentimentos, as suas aspirações. Mas ouvir com consequência. Fazer com que tudo entre na agenda política, e fazer tudo para que essa agenda seja cumprida pelas autoridades nacionais e locais”.
Árbitro
Nesse contexto garante que será um presidente “muito activo”. “Um PR presente actuante. E, depois, também quero ser um pedagogo, para trabalhar na educação para a cidadania. Eu acho que podemos promover uma política de amizade. A política não tem que ser uma questão de vida ou morte, não tem de ser um processo de destruição do outro”.
JMN defende ainda que o PR é “árbitro e moderador do sistema”, pelo que irá exercer essa arbitragem “de modo imparcial”, fazendo “tudo” para “unir, aconselhar, para sugerir”.
Nesse sentido garante que não será uma “força de bloqueio” e, que, sobretudo, será “um PR capaz de mobilizar a Nação cabo-verdiana”, os partidos políticos, a sociedade civil, os cidadãos, os órgãos de soberania a “enfrentarmos” os desafios que se colocam, neste momento, a Cabo Verde.
“Vou articular, integrar, ajudar o país, primeiro, a sair da crise, a reconstruir-se no pós-pandemia, e acelarmos o passo no processo de modernização do país”, esclarece.
Custos da crise
Tendo em conta o quadro de crise económica, provocada pela pandemia e da qual tem resultado o aumento exponencial do custo de vida em Cabo Verde, JMN afiança que, enquanto PR vai fazer “tudo” para “garantir a estabilidade política e institucional e apoiar o Governo, as empresas, os sindicatos, enfim, a sociedade civil, a termos as forças necessárias para enfrentarmos este momento”.
Contudo, admite que há medidas “necessariamente dolorosas” para se “sair da crise”, mas adverte que os custos da crise têm de ser “suportados por todos”, incluindo pelo Governo, que na sua óptica, “deve dar o exemplo”.
“É preciso que, em primeiro lugar, o Estado faça a sua parte e acima de tudo que dê o exemplo. E, portanto, a questão é que a Nação global deve mobilizar-se para enfrentar a crise”.
Além dos actores políticos e partidos nacionais, a tomada de posse de JMN conta com uma forte presença de inúmeras individualidades de vários quadrantes da sociedade cabo-verdiana, assim como vários Chefes de Estado da comunidade internacional.
Presenças que têm agitado a Cidade da Praia nos últimos dias, com um forte aparato de dispositivos de segurança, nos principais hotéis da cidade.
À noite, está previsto um espectáculo musical para a população em geral, com entrada gratuita, na Rua Pedonal do Platô, com Nancy Vieira, Gil Semedo, Hélio Batalha e Bulimundo.