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Política

Primeiros presos no Campo de Concentração do Tarrafal chegaram há 85 anos

Foi há precisamente 85 anos que chegaram a Cabo Verde, os primeiros 151 presos portugueses deportados em Campos de Concentração, a Tarrafal de Santiago. Hoje, este  Património Cultural Nacional vive as memórias da luta pelas liberdade de pensamento de associação e de reunião dos povos, procurando promover o diálogo pela paz pela tolerância e diversidade.

O Campo de Concentração do Tarrafal de Santiago, Museu da Resistência na qualidade de Património Cultural Nacional desde 2006, relembra através da sua página oficial do Facebook, a história que marcou os seus 85 anos de existência.

Foi há precisamente 85 anos, que chegaram a Cabo Verde, os primeiros presos portugueses deportados em Campos, pelo regime do Estado Novo então vigente em Portugal entre 1936 e 1954.

Prisioneiros

Do total de 340 presos, 151 foram aprisionados no Campo de Concentração em Tarrafal de Santiago.

Deste grupo, faziam parte Bento Gonçalves, líder do Partido Comunista Português (PCP) e Mário Castelhano, líder da Confederação Geral do Trabalho (CGT), sendo que os restantes presos, eram de diversas profissões das quais camponeses, soldados, operários, marinheiros, estudantes e intelectuais que tiveram a ousadia de desafiar o regime político vigente.

“Campo da morte lenta”

Como castigo, estes foram tirados do país e instalados em barracas de lona com deficientes condições de habitabilidade e de higiene – “o espaço era ambíguo e os próprios presos acabariam por colaborar na edificação daquilo que seria a colónia penal, desde logo escavando as valas para que nenhuma tentativa de fuga sucedesse”.

 As péssimas condições das instalações, da alimentação, falta de assistência médica ou de índole criminosa, acrescida pelas condições geográficas e os constantes maus tratos começaram em 1937 a registar as primeiras mortes. Na primeira fase, 32 presos portugueses perderam a vida no “campo da morte lenta”.

Novos prisioneiros

Em 1953 o último preso português, Francisco Miguel, abandonou o Campo e o espaço foi encerrado por cerca de 8 anos. Contudo, a ideologia de aprisionar pensamentos, desterrar, isolar e castigar ainda faziam parte do regime.

Assim, Tarrafal seria novamente espaço de deportação e cárcere de presos políticos, desta, nacionalistas das antigas colônias, sendo os primeiros os angolanos em 1962, seguida de uma leva de 100 guineenses no mesmo ano e mais tarde os cabo-verdianos.

Preservar e perpetuar parte da memória…

 “Libertado” em 1974, o complexo funcionou até 1985 como quartel das Forças Armadas de Cabo Verde. A seguir, o espaço foi ocupado por muitas famílias, salvando-se, porém, o estabelecimento prisional.

Em 2000 o complexo prisional passou a ser o “Museu da Resistência”, com o objetivo de preservar e perpetuar parte da memória histórica de Cabo Verde e em particular das ex-colónias portuguesas em África (Angola e Guiné Bissau) e de Portugal.

Em 2006, o Campo de Concentração do Tarrafal passou a ser Património Cultural Nacional. 

Dez anos mais tarde, o museu foi “rebaptizado” por “Museu do Campo de Concentração do Tarrafal”, tratando-se da “primeira experiência em Cabo Verde de uma musealização “in situ”, procurando “valorizar e perpetuar a memória, as emoções contidas no próprio local, a passagem do tempo, o passado recente do Campo, colocando a memória no estado atual das coisas”.

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