O Sindicato de Indústria Geral, Alimentação, Construção Civil, Serviços, Agricultura e Afins (SIACSA) mostrou-se, hoje, “preocupado” com situação laboral no país e fala em “graves violações” dos direitos dos trabalhadores.
O presidente do SIACSA, Gilberto Lima, manifestou a sua “preocupação” com a situação laboral vigente em Cabo Verde, classificando-a de “vergonhosa”. O sindicalista destacou, sobretudo, o primeiro trimestre do presente ano, onde houve greves, manifestações, “descontentamentos generalizados” dos trabalhadores e “violações dos direitos dos trabalhadores em todo o país”.
Explicou que o sindicato cancelou hoje a greve dos trabalhadores da Câmara Municipal da Boa Vista, que tinha prevista, mas disse que a organização aguarda agora o cumprimento dos compromissos assumidos pela autarquia e que não haja também represálias aos seus funcionários.
Sem poder de compra Avançou ainda a necessidade da reposição do poder de compra, isto é, indicou, dos trabalhadores mais vulneráveis, com situações salariais precárias e aumento sistemático de bens e serviços como a água, energia e gás, além de outros bens de primeira necessidade.
“Deparamos com a morosidade da Justiça, particularmente no tribunal de trabalho, temos desemprego elevado na camada jovem, atropelo da lei por parte da empresa Frescomar, em São Vicente, na resolução de problemas dos trabalhadores, dos quais o Governo deve promover urgentemente uma ação para a situação reinante neste sector de atividade económica”, assinalou.
Segundo Lima, há também atropelo dos direitos dos trabalhadores na Delegacia de Saúde na ilha da Boa Vista, devido à filiação sindical, e os vigilantes de segurança privada aguardam pela melhoria salarial que não é atribuída.
O sindicalista referiu-se também ao alegado “abuso de poder” na Câmara Municipal de São Domingos, sobretudo “pressões sobre os funcionários”. Por outro lado, criticou “o fraco desempenho” da Inspeção Geral do Trabalho (IGT) em todas as ilhas, com destaque para Sal, Boa Vista e São Vicente, onde há “demora excessiva” na resposta aos problemas laborais, pelo que apelo ao cumprimento da lei que assiste os trabalhadores que procuram esses serviços como refúgio dos seus direitos.
“O Siacsa vem acompanhando todas estas situações e está a tentar fazer cumprir a lei, mas não está sendo fácil sem o contributo da IGT e dos tribunais”, sublinhou.
Contudo, Gilberto Lima acrescentou que os trabalhadores devem ser tratados como promotores de produção e criação de riquezas, as empresas empregadoras devem ser mais dialogantes e com menos violações de direitos dos trabalhadores, enquanto o Governo deve criar mais diálogos tripartidos, repor o poder de compra dos trabalhadores e criar incentivos ao emprego.
C/Inforpress