O representante do Centro de Estudos Rurais e Agricultura Internacional (CERAI), Adriano Palma, acredita que o simpósio sobre alimentação, encerrado ontem, no Mindelo, deu contributos para a descentralização da estratégia nacional alimentar.
Adriano Palma falava à imprensa, no Mindelo, no encerramento do evento, sob o tema “Sistemas alimentares sustentáveis”, e que foi o ponto final da “Semana da alimentação adequada – do direito à política do consumo à produção sustentável”.
O evento foi promovido pela Associação dos Amigos da Natureza (AAN), o CERAI e o Secretariado Nacional para a Segurança Alimentar e Nutricional.
O simpósio, segundo a mesma fonte, permitiu fazer um passo a mais no eixo dois da Aliança de Direito para a Alimentação Adequada, que é a de descentralização da estratégia nacional de segurança alimentar, já que, juntamente com o secretariado nacional, contam chegar a todos os municípios.
E é neste sentido que programam realizar outras actividades do tipo também nas ilhas de Santo Antão e São Nicolau, através deste projecto financiado pela União Europeia.
“Não podemos perder muito tempo, porque é preciso transformar rapidamente os nossos sistemas agro-alimentares para que cheguem rapidamente a sistemas sustentáveis, porque os objectivos que tínhamos para 2030 estão longe de serem atingidos”, considerou Adriano Palma, para quem é preciso a participação de todos.
O representante do CERAI congratulou-se ainda pelo comprometimento demonstrado pela Câmara Municipal de São Vicente de apoiar este tipo de política pública, que poderá levar à criação de uma rede ou um conselho municipal de segurança alimentar nutricional, composto por todos os actores da cadeia.
E isto permitirá, asseverou, discutir e fazer o mapeamento dos actores, dos desafios e das problemáticas e encontrar soluções para “gerir melhor”, no tocante à alimentação, comércio local, restauração e turismo.
Mas, importa, segundo a mesma fonte, valorizar os produtores, que têm feito um “esforço enorme” para estarem presentes no mercado de “forma adequada e organizada e com planos de contenção de riscos de contaminação dos produtos”.
Por isso, defendeu Adriano Palma, o simpósio também permitiu estabelecer uma comunicação directa entre a Entidade Reguladora Independente da Saúde (ERIS) e os produtores.
Ministério disponível
O encerramento do simpósio contou ainda com a intervenção da secretária executiva para a Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério da Agricultura e Ambiente, Rosa Lopes, que mostrou a disponibilidade da instituição em trabalhar com a sociedade civil.
“Porque só assim podemos ganhar e ter uma melhor política, que vai ao encontro dos problemas de segurança alimentar e nutricional do país”, sustentou a governante, defendendo que as questões discutidas no evento devem ser tidas como prioridade, uma vez que estão “completamente alinhadas” com os objectivos de desenvolvimento sustentável e com a estratégia nacional.
Respondendo a algumas questões levantadas, Rosa Lopes afiançou que o Governo se compromete nos próximos tempos a descentralizar a política de segurança alimentar, inclusive, com a criação de conselhos municipais, que poderá ser iniciado em São Vicente, que, a seu ver, mostrou-se “bem engajada”.
Por outro lado, asseverou, está-se a trabalhar em outras políticas como a de taxação de alimentos industrializados, e ainda na taxa relacionada com a importação de frutas e legumes, considerados alimentos saudáveis.
C/ Inforpress