PUB

Cultura

Manu Reys, o criador de “Txika” e “Zombam”

Manu Reys é cantor e compositor, desabrochado no bairro de Lém Cachorro, na Cidade da Praia. Este ano colocou no mercado o seu primeiro EP, “Sem sentido”. Mas antes, suas composições já faziam sucesso na voz de Élida Almeida. “Txika” e “Zombam”, este último interpretado em featuring por Djodje, são os temas que mais se sobressaíram.

O primeiro grande trabalho de Manu Reys marcou o verão de 2008. A música se chama “Baby bye bye” e, em 2020, foi regravada, numa parceria de sucesso com Neuza de Pina.

Em meio a pandemia, que colocou a classe artística em maus lençóis durante mais de um ano, Manu colocou no mercado o EP “Sem sentido”, acompanhado de um conjunto de videoclips. No Youtube,
acumula mais de 210 mil visualizações, entre a sua conta e a da produtora Clacket.

Manu conheceu a música em casa, fomentada pelas tocatinas promovidas pelo pai.
Passou depois a frequentar espaços como o Quintal da Música e, mais tarde, o Palácio da Cultura, onde, segundo diz, aprendeu muito sobre música.

Em 2008, de uma participação no projecto verão, nasceu o seu primeiro sucesso – “Baby bye bye”, em colaboração com Soraia. O tema foi regravado em 2020, junto com Neuza de Pina, e soma mais
de 30 mil visualizações.

EP sem sentido

Este ano de 2021 trouxe bons ventos para o artista, que colocou no mercado o seu primeiro EP – “Sem sentido”. Música que dá nome a este trabalho representa a história de vida do artista, que perdeu, em 2018, a sua companheira de vida e de palcos – Soraia, com a qual tinha o sonho de lançar um álbum. O videoclipe foi gravado em featuring com o rapper Batchart e lançado em Maio de 2019.

Com ritmos diferentes, Manu Reys é considerado um artista versátil. Para ele, o essencial é ter uma boa letra e uma boa melodia. “Eu gosto de boa música. De uma boa melodia e boa composição. Se
tem estas duas componentes, não me apego muito ao ritmo”, confidenciou ao A NAÇÃO.

Parceria com Ferro Gaita

Um dos seus grandes sucessos também tem sido “Dodu Dodu”, cujo videoclipe, com cerca de 60 mil visualizações, foi gravado com a parceria do icónico grupo Ferro Gaita.

A composição, que foi escrita por Manu Reys e com arranjo Ferro Gaita, representou um desafio para o artista que, segundo disse, nunca se tinha aventurado no estilo Funaná.

“Foi muito bom. Basta estar no estúdio com eles (Ferro Gaita) para sentir o quão fortes são em termos de criar e recriar a cultura de Cabo Verde. Acabei por aprender muito, desde a forma de organizar, de arranjar e da própria estrutura da música”, garantiu.

Mercado

Para um artista que está a começar, diz o nosso entrevistado, o mercado do audiovisual é “um pouco complicado”, nomeadamente em termos de custos. “Não que não seja justo. Eu sou formado em audiovisual e sei que o valor cobrado nem chega ao real do trabalho. Mas é, sim, dispendioso e, para um artista que está a começar, entendo que pode ser difícil sustentar a produção de videoclipes, tendo em conta a realidade do nosso mercado”, sublinha, salvaguardando que é preciso acreditar e fazer.

“Fazer música em Cabo Verde tem retorno, assim como em qualquer parte do mundo. E vai para além do retorno financeiro. Basta saber o que queres e ter um plano”, indaga.

Composição

Para além das músicas escritas e interpretadas por ele, Manu Reys é autor de temas de sucesso interpretadas pela santacruzense, Élida Almeida.

“Élida é uma pessoa que desde o início mostrou um carinho enorme pela minha forma de escrever. Quando está a gravar, sempre me convida para participar no seu trabalho com composições”, assegura.

O primeiro tema gravado por Élida Almeida foi Txica, composição fruto de um trabalho académico do artista. O tema foi também interpretado pelo grupo coral académico da Universidade do Minho, em
Portugal, mais um motivo de grande orgulho para o artista.

“É uma sensação inexplicável, de satisfação em ver que o seu trabalho está a ser valorizado e a atravessar fronteiras”, descreve.

Élida gravou também a música “Zombam”, com a parceria de Djodje. O videoclipe, que conta com 5,5 milhões de visualizações no youtube, rendeu nomeações aos artistas intérpretes, na Gala Cabo Verde Music Awards, de 2018.

Reconhecimento

Manu Reys reconhece avanços no sector da composição em Cabo Verde, através do trabalho da Sociedade Cabo-verdiana de Música, considerando que hoje é um caminho para se fazer carreira, ao contrário do que acontecia antes.
“Hoje a distribuição dos direitos de autor já é uma realidade e muitos compositores já recebem os direitos de autor, incluindo eu”, garantiu.

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 738, de 21 de Outubro de 2021

PUB

PUB

PUB

To Top