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Cultura

Faleceu Catarina Brandão, a coladera das festas da bandeira de São Filipe

Imagem: inforpress

A octogenária Catarina Pina Brandão, mais conhecida por Idalina Coladera, um dos rostos das tradicionais festas da bandeira de São Filipe, faleceu hoje vítima de doença prolongada.

Originária da zona norte da ilha do Fogo, mais concretamente São Jorge, Idalina, dedicou mais de 70 anos às actividades culturais, sobretudo nas festividades das bandeiras com destaque para a de São Filipe. Era até então a coladera mais antiga da região.

Possuidora de uma “boa voz” e, sobretudo, “grande capacidade de improviso”, Idalina era considerada “a maior coladera” de bandeira de São Filipe, que agora se cala para sempre.

No seu percurso, Idalina trilhou caminho juntamente com “maestros de tambores” como Tchitchite e Pedro de Amália, referenciados a nível da ilha do Fogo, e coladeras como “Nha Ngola” e “Sacorro de Júlia”, todos já falecidos, lista a que agora passa a figurar.

A sua dedicação e presença assídua na bandeira de São Filipe, e de outros santos populares, comemorados na ilha do Fogo, assim como a sua grande capacidade e mestria na arte de “colar”, rendeu à Idalina e a um grupo de tamboreiros e coladeras da ilha, uma digressão, há alguns anos, a países como Alemanha e Áustria e com passagem por Portugal.

Figura incontornável

Para o agente cultural, Fausto do Rosário, a morte de Idalina não é qualquer morte, mas de “um fiel depositário da tradição das bandeiras da ilha do Fogo, sobretudo da bandeira de São Filipe”.

Segundo o mesmo, Idalina é uma figura incontornável da cultura popular da ilha do Fogo, nomeadamente no capítulo da bandeira e hoje ficamos todos mais pobres, São Filipe, Fogo e Cabo Verde”.

O administrador da Casa das Bandeiras, Henrique Pires, também mostrou-se consternado com a perda desta figura popular da ilha e das suas festas, salientando que esta instituição que serviu por vários anos, está a preparar para dar a Idalina um funeral condigno.

Segundo o mesmo, antes do corpo ser dado à terra no cemitério de Marcela, nas proximidades de São Jorge, de onde era natural, a urna passará pela Casa das Bandeiras que deste modo irá prestar-lhe uma justa e merecida homenagem.

Para Manuel de Jesus “Nenelo”, Idalina era uma pessoa “muito amável e brincalhona que não hesitava em “botar um rafodju” (mandar indirectas) a qualquer um, enquanto colava durante as festas de bandeiras.

Portanto, lamenta, São Filipe e a ilha perdeu um dos “pilares da sua cultura”, sublinhando que tem sérias dúvidas de que, no futuro, venha a surgir alguém que a possa substituir.

Seria homenageada em Novembro

Com relação à Câmara Municipal de São Filipe, a vereadora da cultura, Lia Barbosa disse que a edilidade irá prestar homenagem juntamente com a Casa das Bandeiras, mas adiantou que a Câmara irá produzir uma nota de pesar.

Idalina era uma das figuras que a vereação da cultura pretendia reconhecer no início de Novembro, na semana de arte e na gala da cultura.

C/ Inforpress

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