Nascida na ilha do Monte Cara, mas residente em Santiago, Sónia Lopes é uma pessoa multifacetada. É professora e cantora, contudo, é como artista plástica que se sente completa. Entrou, oficialmente, para o mundo desta arte há seis anos, mas confessa que, desde pequena, teve influência da sua mãe que é artesã.
A pandemia, como tudo na vida, tem os dois lados. O bom e o mau. Apesar dos inúmeros desafios deste “novo normal”, foi esta fase pandémica e de confinamento que permitiu à Sónia ser artista a tempo inteiro e a “descobrir prazer de trabalhar com a arte”.
Uma artista plástica autodidata. É assim que Sónia Lopes se caracteriza. Produz diversas peças, desde quadros com pinturas abstratas, miniaturas feitas à mão, peças de decoração, como cadeiras, mesas, almofadas, canecas, sem esquecer as bijuterias para levantar a autoestima de quem as usa.
A verdade é que Sónia Lopes pretende, acima de tudo, trazer alegria e bem-estar para as pessoas, principalmente quando se trata de artes abstratas, onde se dedica à técnica de acrílico em tela, com cores vivas, e à utilização de materiais recicláveis.
A artista, mãe de dois rapazes, já viajou pelo mundo. Viveu nos Estados Unidos, pois o seu pai era diplomata. Viveu, também, no México, em Portugal e no Brasil, onde formou-se em Letras. Todo este percurso moldou Sónia, que após uma visita a um dos museus no México, onde tinha obras de Diego Rivera e Frida Kahlo, teve a confirmação da sua vocação pela arte.
É preciso “fazer muito mais”
Hoje, Sónia já contabiliza diversas exposições, em Cabo Verde e no estrangeiro, feitas por conta própria. Apesar de acreditar que os artistas devem fazer o seu próprio caminho, e não depender somente de apoios, ela reconhece as dificuldades da classe e assegura que pode ser feito muito mais no sentido de ajudar os artistas, em particular os plásticos e artesãos.
“Nós precisamos de incentivos e de mais feiras para expor os nossos produtos, fazer contatos e conviver com a população. As pessoas também necessitam de mais educação, formações e sensibilização sobre a arte. Eu recuso-me a acreditar na história de que os cabo-verdianos não dão valor ao que é local”, sublinha Sónia, que diz-se satisfeita com o feedback do público.
No momento, Sónia Lopes está a trabalhar com pessoas mais próximas utilizando a arte como terapia, no sentido de permitir que as pessoas expressem e transportem as suas emoções para as telas.
E este é também um projeto que pretende alargar futuramente. Trabalhar com adultos e crianças e partilhar um pouco do seu conhecimento sobre a arte abstrata.
Está nos planos, também, a criação de um atelier de pintura, uma oficina de bem-estar, onde as pessoas possam participar e desfrutar de uma mistura de arte plástica com música, recorrendo as antigas cacetes e vinil.
Sónia Lopes dispõe de sua marca própria, SoniaLopesArt, e os seus produtos podem ser encontrados e requisitados em suas páginas de Facebook e Instagram.