PUB

Santiago

Faleceu Elisa Andrade, intelectual e combatente cabo- verdiana

Elisa Andrade, 81 anos, economista e historiadora cabo-verdiana, faleceu ontem, na cidade da Praia, vítima de doença prolongada. O seu funeral está previsto para segunda-feira, às 16 horas.

Autora de “As Ilhas de Cabo Verde: da Descoberta à Independência Nacional (1460 – 1975)”, além de vários outros estudos dispersos, enquanto combatente da liberdade da pátria, membro da Casa dos Estudantes do Império, em Portugal, Elisa Andrade foi das primeiras mulheres cabo-verdianos a aderir à luta pela
independência do seu país natal e de África.

Elisa Silva Andrade integrou, a propósito, a lista dos estudantes africanos, de Angola, Moçambique e Cabo Verde, que em 1961 protagonizaram o que na época foi considerada a maior evasão de jovens quadros africanos, de Portugal para França, a fim de integrarem as fileiras dos movimentos nacionalistas.

Além de Elisa Andrade, da parte de Cabo Verde, integraram os “Acra Boys”, como o grupo ficou conhecido, Pedro Pires, Osvaldo Lopes da Silva, José Araújo e Lilica Boal. Casada na altura com o angolano Carlos “Heineken” Pestana, com ele teve duas filhas.

Além de investigadora, Elisa Andrade participou, como actriz amadora, de dois filmes de Sara Moldoror, o mais celebrizado dos quais “Sambizanga”, baseado na novela de José Luandino Vieira, “A verdadeira vida de Domingos Xavier”.

Elisa Andrade viveu a maior parte da sua vida no exterior, particularmente França e Senegal, mas também Argélia e outros lugares.

A experiência cinematográfica

Ultimamente, vivia entre Praia e Paris. Foi na Praia que, no ano passado, a propósito da morte de Sara Moldoror, que Elisa Andrade contou a sua experiência como actriz de cinema, coisa que jamais que pensou que pudesse fazer:

“É verdade que eu estava acostumada a várias actividades ligadas à cultura, mas quando a Sarah falou comigo para participar no filme dela comecei logo por recusar. A ideia de que um outro homem, que não o meu marido, me poderia tocar, ainda que para o cinema, mexia comigo. Ao aperceberem-se dessa minha resistência, o meu marido acabou também por participar no filme”. ( Ver A NAÇÃO, nº 659, 16-04-20).

Cabo Verde perde assim uma referência, uma guerreira. Uma memória viva da luta pela libertação.

O funeral de Elisa Andrade está previsto para segunda-feira, às 16 horas.

PUB

PUB

PUB

To Top