Os Talibãs fizeram uma parada de vitória nas ruas de Cabul – a Capital do Afeganistão -, usando material apreendido às Tropas Norte-Americanas. É um desfile que antecedeu a apresentação do Novo Governo, que vai acontecer até ao fim da semana.
Os dirigentes dos Talibãs, Movimento que retomou o poder no Afeganistão – avança o portal pt.euronews.com -, prometem criar um Governo Inclusivo, no seguimento das promessas que têm sido feitas de “um Regime mais suave” do que o do anterior Governo. No entanto, um desses dirigentes já anunciou que não irá haver mulheres no Novo Executivo de Cabul.
A Comunidade Internacional está preocupada com o que pode vir deste Novo Governo Talibã, depois da experiência do anterior Regime, que vigorou até à Invasão Norte-Americana, em 2001.
Além das questões de Direitos Humanos, há, ainda, as Questões Económicas. Metade da população afegã precisa de Assistência Humanitária para sobreviver.
Humilhação
Os Talibãs exibiram, quarta-feira, 1 de Setembro, dezenas de veículos blindados de fabricação Americana, junto com armas apreendidas, recentemente, nas Celebrações da Vitória, na Cidade de Kandahar, no Sul do Afeganistão.
Em vídeos postados nas Redes Sociais, desfilaram a Artilharia deixada para trás, pelas Forças Afegãs e Americanas, depois que a Retirada das últimas Tropas dos EUA deixaram o Afeganistão, nas garras dos Talibãs.
Os militantes agitaram bandeiras brancas dos Talibãs em Humvees e SUV’s blindados (carros de combate), no Desfile Militar, onde muitos dos veículos apareceram em condições quase perfeitas. Os Talibãs também organizaram uma Exibição Aérea, com um Helicóptero “Black Hawk”, recentemente apreendido, passando pelos militantes ao longo da estrada, enquanto também levava uma Bandeira Branca, dos Talibãs.
O Desfile aconteceu um dia depois de um vídeo ter mostrado os militantes, passando por um Hangar abandonado, no Aeroporto de Cabul, repleto de Equipamentos que os EUA deixaram para trás.
Num outro vídeo, militantes vestidos com uniformes no Estilo Norte-Americano e segurando armas fabricadas nos EUA, examinaram um Helicóptero “CH-46 Sea Knight”, estacionado dentro de um Hangar. Os combatentes dos Talibãs também foram vistos posando para fotos, sentados nas cabines de aviões e helicópteros, que pertenceram à
Força Aérea Afegã.
Entretanto, o secretário de Imprensa do Pentágono, John Kirby, tinha dito,m na terça-feira, 31 de Agosto, que não estava “muito preocupado com essas imagens” de combatentes dos Talibãs, examinando a aeronave abandonada.
“Eles podem inspeccionar o quanto quiserem”, disse Kirby, realçando que, “para eles, podem andar, mas não podem pilotá-los; eles não podem operá-los”.
Os esforços para reabrir o Aeroporto de Cabul foram retomados quarta-feira, com a chegada a Cabul, de uma Equipa de especialistas técnicos do Catar.
De olho…
Nos hospitais de todo o País, mulheres médicas temem pelo futuro e pelos empregos.
Os Talibãs prometeram que não vão impedir as mulheres de trabalhar nem de estudar, mas, na memória de muitos, está o terror do Regime que vigorou entre 1996 e 2001, extremamente repressivo e que negava às mulheres quase todos os Direitos Básicos. A Organização Não-Governamental, Repórteres Sem Fronteiras, diz que, das 700 mulheres jornalistas que aquele País Ásia contava há um ano, restam, agora, menos de cem.
Enquanto isso, Michael Kugelman, vice-director dos Estados Unidos da América (EUA), para a Ásia, do “Wilson Center”, prognostica que haverá cortes de Fundos ao Novo Executivo de Cabul.
“É um Regime que não tem qualquer experiência Política, numa altura em que se vive uma grande Crise Política. Agora, a Comunidade Internacional vai cortar o acesso aos Fundos, por parte do Novo Governo Talibã. Como acontece sempre, quem vai sofrer mais é o próprio Povo do Afeganistão”, manifesta Michael Kugelman.
Temor
Agências internacionais dão conta de que a maioria dos Afegãos aliados dos Americanos não conseguiu fugir do País na Operação de Retirada dos Estados Unidos, devido ao caos no Aeroporto de Cabul.
Porém, o Presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou que os Talibãs prometeram deixar esses Afegãos partirem, mas muitos que trabalharam para Washington, durante a ua Missão de 20 anos, temem retaliação e represálias.
“Todos nós envolvidos, estamos atormentados pelas decisões que tivemos que tomar e pelas pessoas que não pudemos ajudar a deixar (o País) nesta primeira fase da Operação”, confessa um alto funcionário do Departamento de Estado.
Nos últimos dias da Guerra, os Estados Unidos transportaram mais de 123 mil pessoas do Aeroporto de Cabul, incluindo cidadãos Americanos e intérpretes, além de outros que apoiaram a Missão e eram elegíveis a um “Visto Especial de Imigração”.
Biden garante que o Transporte Aéreo foi uma Operação sem precedentes, incluindo quase todos os Americanos, deixando para trás pouco mais de cem.
Mas o funcionário mencionado reconheceu que a maioria dos solicitantes de Visto, Afegãos e suas Famílias, não teve sucesso.
A Casa Branca afirmou, no início de Agosto, que perto de 20 mil Afegãos estavam tentando emigrar, por meio do Programa de Visto, o que implica em mais de cem mil pessoas, caso seus familiares forem incluídos.
