Depois de ser ouvido pelo Procurador, em Santa Catarina de Santiago, o viúvo de Faty, Emílio Silva Fernandes, mais conhecido por “Odilio”, revelou à imprensa que essa autoridade assegurou que o condutor, mesmo estando fora de Cabo Verde, vai cumprir pena lá onde estiverou pode até ser extraditado, se isso for possível.
Odilio, e todos os familiares e amigos, esperam que justiça seja feita e, por isso, manifestaram-se ontem, em frente ao Tribunal da Comarca de Santa Catarina de Santiago, para obterem esclarecimentos do caso, tendo em conta que o suposto condutor que atropelou mortalmente Faty, conseguiu viajar para França, sem ser julgado em Cabo Verde pelo ocorrido.
“O procurador garantiu que vão fazer as diligências para que o condutor seja julgado, em França, caso ele possua a nacionalidade francesa. E se tiver nacionalidade cabo-verdiana, ou portuguesa, vão entrar com um pedido de extradição para ser julgado em Cabo Verde. E nós os familiares queremos que a justiça seja feita, aqui em Cabo Verde ou no estrageiro. Enquanto isso não acontecer não vamos descansar”, assegurou.
O víúvo disse ainda que o condutor conseguiu sair do país, porque o juiz “errou” uma vez que não lhe aprendeu o passaporte, “mais sim apenas a carta de condução”.
Justiça
Também a irmã da vítima, Celestina Sanches Silva da Veiga mostra-se indignada com a situação, uma vez que o condutor envolvido no acidente que ceifou a vida da sua irmã viajou dois dias depois do ocorrido, para França, como se nada tivesse acontecido, mesmo quando a malograda nem tinha sido enterrada ainda.
“Estamos ainda todos chocados e revoltados com essa situação. Quando a minha mãe ouviu que o condutor que atropelou mortalmente a sua filha viajou para França, no dia seguinte, ela ficou sem chão. Ela esperava pela satisfação ou cavaco do condutor porque não foi um animal a quem ele tirou vida, mas sim uma pessoa”.
Celestina confessa ainda que se sente muito triste pelo facto do condutor ter saído do país, com o seu passaporte e “fronteira livre” para seguir a sua vida.
“Acidente na estrada acontece todos os dias e todos nós os condutores estamos sujeitos ao azar. Mas quando acontece, o condutor deve prestar satisfação e deve haver justiça porque quem perde a vida deixa família e, por vezes, filhos menores. Estamos tristes e queremos saber qual a explicação que o condutor deu ao juiz uma vez que ele, ao efectuar uma ultrapassagem, saiu do lado direito e foi bater na minha irmã no lado esquerdo. Ao que tudo indica ele estava em excesso de velocidade. E é por isso que estamos aqui a pedir justiça”, esclarece.
O caso
De referir que o acidente mortal aconteceu na noite de sábado, 21 de Agosto, e o condutor viajou para França, segunda-feira, 23. A malograda foi sepultada na passada sexta-feira 27.
O condutor foi detido pela Polícia Nacional, no sábado, 21, dia do acidente, e foi presente ao tribunal na segunda-feira,23, mas foi libertado pelo juiz, sem ser ouvido, supostamente porque a detenção ocorreu de forma ilegal.
Os familiares da emigrante, Maria de Fátima Sanches Silva de 53, carinhosamente conhecida por “Faty de Nha Pundina”, querem assim que justiça seja feita, pelo acidente que lhe tirou a vida.