Os Talibãs asseguraram, esta terça-feira, 31 de Agosto, o controlo total do Aeroporto Internacional de Cabul – a Cidade-Capital do Afeganistão (na Ásia), e falaram de uma “Lição” para o Mundo, após o último avião Norte-Americano ter descolado, marcando o fim da Guerra mais longa dos Estados Unidos da América (EUA).
Os líderes do Movimento Extremista Islâmico – noticia o portal jn.pt -, caminharam, simbolicamente, através da Pista do Aeroporto Internacional de Cabul, assinalando a vitória, flanqueados por combatentes da Unidade de Élite dos rebeldes Badri.
“O Mundo deve ter aprendido a sua Lição e este é o momento de apreciar a vitória”, disse o porta-voz dos Talibãs, Zabihullah Mujahid.
Aos combatentes, no local, Mujahid disse esperar “que sejam muito cautelosos ao lidarem com a Nação”, acrescentando que “a nossa Nação sofreu guerra e invasão e o povo não tem mais tolerância”, acrescentou.
Mais tarde, ainda no asfalto do Aeroporto, Mujahid afirmou que “haverá Segurança em Cabul e as pessoas não se devem preocupar”.
“A nossa Equipa Técnica irá verificar as necessidades técnicas e logísticas do Aeroporto”, explicou.
E prosseguiu: “Se formos capazes de resolver tudo, por nós próprios, então, não precisaremos de qualquer ajuda. Se houver necessidade de Ajuda Técnica ou Logística para reparar a destruição, então, poderemos pedir ajuda ao Catar ou à Turquia”.
Desactivação de equipamentos
Por sua vez, o general da Marinha, Frank McKenzie, que é o chefe do Comando Central do Exército dos EUA, já tinha afirmado que as Tropas “desmilitarizaram” o Sistema, para que nunca mais pudesse ser utilizado.
Outros oficiais Norte-Americanos disseram que as Tropas não explodiram equipamentos, para garantir que deixavam o Aeroporto Operacional, para futuros vôos, assim que recomecem.
McKenzie adiantou, também, que os EUA desactivaram 27 viaturas blindadas e 73 aviões, que não poderiam ser utilizados de novo.
O Aeroporto de Cabul foi cenário de cenas caóticas e mortíferas, desde que os Talibãs começaram a conquistar cidades no Afeganistão, até tomarem Cabul a 15 de Agosto.
Milhares de afegãos sitiaram o Aeroporto, alguns caindo para a morte, depois de se terem pendurado, desesperadamente, num Avião de Carga Militar Norte-Americano. Na semana passada, um ataque suicida do Estado Islâmico, numa entrada do Aeroporto, matou, pelo menos, 169 afegãos e 13 Tropas dos EUA.
O embaixador dos EUA e um general foram os últimos Norte-Americanos a embarcar no vôo de Retirada do Afeganistão.
Triunfo
Esta terça-feira, depois de uma noite em que os Talibãs dispararam, triunfantemente, para o ar, os Guardas agora em serviço mantiveram afastados os curiosos e os que, de alguma forma, ainda, esperavam apanhar um vôo para fora.
Mohammad Naeem, porta-voz do Gabinete Político dos Talibãs, no Qatar, saudou, igualmente, o momento, num vídeo “online”, publicado hoje.
“Graças a Deus, todos os ocupantes deixaram completamente o nosso País”, disse, destacando os combatentes, apelidando-os de “guerreiros santos”, relevando que “esta vitória foi-nos dada por Deus. (…) Foi devido a 20 anos de sacrifício”.
Por sua vez, Zalmay Khalilzad, o Representante Especial dos EUA,M que supervisionou as conversações dos Estados Unidos com os Talibãs, escreveu hoje, na Rede Social “Twitter”, que “os Afegãos enfrentam um momento de decisão e oportunidade”, após a retirada Norte-Americana.
ONU exige garantias
A ONU (Organização das Nações Unidas) pede aos Talibãs que honrem o que prometeram e garantam uma vida livre a todos no Afeganistão, assim como que deixem sair quem o deseja fazer.
Esta é a essência da Resolução, redigida pelos Estados Unidos, Reino Unido e França, votada no Conselho de Segurança das Nações Unidas e aprovada com 13 votos a favor. A China e a Rússia abstiveram-se.
“A Resolução 2593 deixa clara a nossa expectativa de que qualquer afegão ou estrangeiro que queira deixar o Afeganistão o possa fazer de forma segura, seja por via aérea ou pelas fronteiras terrestres”, disse a embaixadora do Reino Unido na ONU, Barbara Woodward.
Em entrevistas e várias declarações, os Talibãs prometeram “um Regime mais suave e mais respeitador” dos cidadãos do que o que vigorou nos anos 90, antes da Invasão Norte-Americana.
No entanto, a Comunidade Internacional tem dificuldade em acreditar nessa narrativa e teme pelos Direitos Humanos, em especial das Mulheres.
O Presidente Francês, Emmanuel Macron, exige respeito dessas liberdades, para que haja um Reconhecimento Internacional do Regime Talibã. Há notícias de actos de vingança, por parte dos novos donos do Poder no Afeganistão, o que faz temer o pior, em termos de respeito pelas liberdades.