A ilha de São Miguel, Açores, recebe no início de outubro o primeiro congresso internacional sobre cânhamo (cannabis sativa). Divulgar as potencialidades desta planta e desmistificar ideias erradas são os principais objetivos do evento, que contará com palestrantes nacionais e estrangeiros.
O cânhamo é uma planta natural da família da cannabis, cultivada há milhares de anos em diferentes latitudes e com múltiplos usos.
“Há receitas da idade média com o cânhamo. A declaração da independência dos EUA, o papel em que é assinado é feito com o cânhamo. Seria impensável as explorações marítimas dos países europeus, em que Portugal tem um papel preponderante, sem o cânhamo porque o cânhamo seria para fazer, ou para resistir os barcos”, diz Graça Castanho, da organização do congresso.
A par da docência universitária, Graça Castanho desenvolve também uma vertente empresarial associada ao cânhamo, conjuntamente com outras entidades locais está a organizar o primeiro congresso internacional sobre esta planta, que vai decorrer a 3 de Outubro, na ilha de São Miguel, com múltiplos objectivos.
“Desmistificar conceitos e preconceitos em torno da planta, sensibilizar a população em geral para as múltiplas utilizações e benefícios da planta ancestral do cânhamo, contribuir para informação e também formação na base do cultivo, produção e transformação do cânhamo como complemento às actividades económicas já existentes”.
O encontro contará com diferentes palestrantes nacionais e internacionais, abrangendo desde a produção à transformação, passando pelas diferentes utilizações do cânhamo, seja ao nível culinário, têxtil, cosmético ou medicinal. Também na área da construção civil, os benefícios desta planta são cada vez mais reconhecidos, desde logo ao nível do revestimento de edifícios, contra incêndios.
Potencial económico
O potencial económico do cultivo e transformação industrial do cânhamo são motivos mais do que suficientes para as associações agrícolas de São Miguel e Terra Verde serem parceiras de uma iniciativa com carácter pedagógico que poderá abrir novas possibilidades à agricultura nas ilhas.
“Julgo que tem pernas para andar aqui pelo menos em São Miguel e espero que o mesmo seja extensivo às restantes ilhas. É uma cultura pouco exigente em água, desinfeta os nossos solos ”, diz Manuel Ledo, presidente da Associação Terra Verde.
Graça Castanho esclareceu que associar o cânhamo às substâncias psicotrópicas é errado. A questão legal da produção da planta em Portugal será um dos assuntos abordados durante o congresso que decorrerá em versão presencial e online. As inscrições pagas para participar neste evento decorrem através da Associação Terra Verde.
C/ RTP