O grupo de calceteiras do bairro de Alto Bomba enviou, esta segunda-feira (23), uma carta aberta à ministra das Infraestruturas, Ordenamento de Território e Habitação (MIOTH) reivindicando a continuação das obras e a consequente manutenção de dezenas de postos de trabalho.
Segundo aquele grupo de mulheres, fundado em 2019, através do Projeto Outros Bairros, do Ministério das Infraestruturas, Ordenamento do Território e Habitação, já foi concluída a primeira obra de calcetamento com cerca de 1200 m², no bairro do Alto Bomba, em São Vicente, e atualmente estão a meio da segunda obra com mais 1600 m².
“Tanto nós, o grupo de calceteiras “Amdjer na Obra”, como os restantes trabalhadores que estão desde 2020, a trabalhar nas obras que já foram feitas, temos consciência da importância desta obra, que garante o emprego de 12 mulheres chefes de família, para continuar a manter ocupados jovens que estavam até agora desempregados e para evitar o reaparecimento da instabilidade social”, começa-se por ler na carta enviada à ministra Eunice Silva.
Neste sentido, as calceteiras mostram-se preocupadas pelo facto de ainda não haver uma data concreta para o início das restantes obras de requalificação do bairro.
“Conforme informado pela equipa técnica da Iniciativa Outros Bairros e por diferentes manifestações públicas da própria ministra, aguardamos com enorme expectativa, mas ainda sem resposta de qualquer data, o início das restantes obras de requalificação do espaço público, da construção do depósito de água e das redes de eletricidade, de abastecimento de água, de esgoto e de drenagem pluvial, cujos concursos públicos já foram anunciados e estão atribuídos a diferentes empresas”, lê-se no documento a que este online teve aceso.
O grupo diz estar ciente da importância daquele trabalho e da possibilidade criada para a estabilidade e transformação da vida das suas integrantes, pelo que, julgam ser “igualmente importante que, também como prometido, em maio de 2019, no lançamento do projeto, se iniciem as obras nas zonas de Covoada de Bruxa e Fernando Pó”.
“Assim, conscientes de que esta obra não pode parar visto que atualmente emprega vários moradores do Alto de Bomba, apelamos à sua continuação urgente para que se evite o desemprego de todos os seus trabalhadores e para que as nossas vidas não voltem a uma situação de angústia por falta de dinheiro para as nossas despesas familiares mensais, por falta de comida, por fome e por falta de capacidade para dar uma vida digna aos nossos filhos”, conclui o grupo.
O grupo “Amdjer na obra” surgiu através do projeto Outros Bairros, do Ministério das Infraestruturas, Ordenamento do Território e Habitação, que pretende intervir nos bairros informais de Cabo Verde, com a missão de contribuir para transformá-los, através da reabilitação, revitalização e acessibilidades.