Por: Filinto Eliso
Gosto de cinema, pois sou fruto existencialmente amadurecido, no Cinema Paradiso, mas assim não. O documentário “Aventura Krioula”, por estes dias posto a circular, é corolário de um enredo manhoso, bisonho e bizantino sobre a nossa História recente. A narração a preto e branco, com personagens escolhidos a dedo e testemunhos montados milimetricamente para encaixar o propósito da propaganda eleitoral, cansa, cansa muito. Onde e quando já se viu este filme?
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Forçar tenebrosa e falaciosamente a História, com leituras enviesadas e perversão dos factos, é um desserviço à própria democracia e uma ação danosa, posto de condicionamento cidadão. É uma ação tirânica (e fraudulenta) colocar o passado em assaz veio da subjetividade. O ato de “reeducação” das mentes, ora em forma do fake news, interpela ao repúdio da Cidadania…
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Vejo, com interesse, a movimentação das pedras no xadrez político-eleitoral e confesso que, a despeito do posicionamento de cada um, me encanta a dinâmica democrática. Cabo Verde é um país que, desde sempre, teve eleições presidenciais dinâmicas e apaixonadas, nunca extravasando a esfera da serenidade maior ou pondo em causa a estabilidade do Estado.
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É um bálsamo que haja normalidade democrática, pelo que se impõe o fim das suspeições infundamentadas, dos assassinatos de carácter e das teorias de conspiração, assim como as negações do veredicto das urnas. É mentira que quem ganhou não levou na República de Cabo Verde.
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Em verdade, é um bálsamo que o povo, vacinado contra tentações enganosas e falsas profecias, escolha (com causa e consequência) quem lhe dê garantias de ação promotora de um País melhor do que somos e de uma Nação mais vencedora do que tem sido, capaz de promover a palavra de todos e se comprometer com o pão para cada um.
Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 729, de 19 de Agosto de 2021