A Escola do Mar vai apostar na reconversão profissional de pescadores e mergulhadores para evitar a sobre-exploração costeira e criar um mercado de trabalho, garantiu, esta quinta-feira (19), o novo presidente do conselho de administração.
Em declarações à imprensa, após a sua tomada posse como presidente da Escola do Mar, José Cabral, explicou que o Projeto de Iniciativa de Pesca Costeira sugere que Cabo Verde tem pescadores, embarcações de pesca tradicional e mergulhadores a mais em relação ao ‘stock’ existente.
Assim sendo, a alternativa, avançou, é tirá-los da exploração do mar arranjando-lhes alternativas de emprego.
“Temos uma saída que é o turismo no espaço costeiro e marítimo, a arqueologia subaquática, e ecoturismo. Não é uma invenção nossa porque na costa de África já estão a fazê-lo, que é converter os pescadores em guias de turismo nas escolas de marítimos”, esclareceu.
Para o novo líder da Escola do Mar a reconversão profissional assegura a subsistência desse grupo, enquanto salvaguarda os recursos que já estão sobre explorados.
Além de José Cabral, tomaram posse como administradores executivos da Escola do Mar, Ivan Bettencourt e Liliane Pimenta.
Aos novos dirigentes, o ministro do Mar, Paulo Veiga, garantiu “total a disponibilidade do seu ministério em colaborar no processo de implementação dos planos curriculares e de formação de técnicos que serão uma mais-valia para a economia do País”.
Formar gente para trabalhar no mar
Outro desafio apontado por Cabral é o de capacitar mais profissionais para trabalharem no mar. Pois, segundo a mesma fonte “existe um défice de profissionais marítimos em várias áreas, como motoristas, mestres e até cozinheiros”, na Europa e que Cabo Verde pode colmatar com formação.
“Uma agência que trabalha com barcos holandeses já esteve em Cabo Verde a tentar formar agentes de copa para levar para Holanda de uma assentada só. Há dias estive numa reunião com o presidente do Governo dos Açores e com todos os armadores dos Açores e federações e estavam a pedir encarecidamente profissionais para os Açores”, informou a garantir que a Escola do Mar poderá formar pessoas e diminuir o desemprego em Cabo Verde.
Segundo José Cabral, “há marinheiros cabo-verdianos em terra com contrato de serviço, e passaporte cujos vistos são-lhes recusados”, pelo que garantiu, ainda, que vai pedir esclarecimentos junto do Centro Comum de Vistos.
Terminal de Cruzeiros
O novo presidente do conselho de administração da Escola do Mar alertou que a criação do terminal de cruzeiros exige também que o país tenha profissionais capazes de lidar com multidões, o que é um desafio para instituição que preside.
No entanto, José Cabral disse que, neste momento, o principal projeto é mobilizar orçamento. Algo que pensa ver concretizado em parte através do orçamento para formação profissional do Estado.
“Em princípio já está garantido uma parte do financiamento. A outra parte será mobilizada com o parceiro internacional, lembro-me que a cooperação luxemburguesa é um grande parceiro de Cabo Verde no financiamento de formação profissional”, explicou administrador, indicando que “a Escola do Mar vai assinar um protocolo brevemente com a Escola do Mar dos Açores e está a negociar um protocolo que abrange todas as áreas marítimas com Angola”.
Por outro lado, acrescentou que a Escola do Mar vai desenvolver ações, em parceria com a Universidade Técnica do Atlântico (UTA), para ensinar os cabo-verdianos a conhecer e preservar o mar, tendo em conta a Década dos Oceanos declarada pelas Nações Unidas e, porque “os cabo-verdianos conhecem mal o mar”.
C/Inforpress