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Mulheres afegãs enfrentam retrocesso de 20 anos 

As mulheres afegãs estão em pânico. Com o regresso ao poder dos Talibãs, as mulheres arriscam a novas restrições dos direitos, liberdades e garantias. Ganhos das duas últimas décadas podem ser deitados por terra em pouco tempo. Inúmeras preferiram não esperar para ver… Estão entre as pessoas em fuga do poder do movimento radical islâmico que promete ser mais brando, ainda que dentro da shaharia.

Vinte anos após a rendição dos talibãs à campanha militar lançada pelos EUA, o movimento extremista voltou a dominar quase a totalidade do Afeganistão com a tomada da capital, Cabul, no domingo, 15.

De imediato, o desespero e o pânico tomaram conta da população. Principalmente as mulheres, estas arriscam a enfrentar restrições duras, à semelhança de 1996 a 2001, anos em que os Talibãs dominaram o país sob o regime fundamentalista na interpretação rigorosa da lei islâmica. Como principais restrições, as meninas e mulheres estavam proibidas de frequentar a escola, trabalhar fora, votar e devem cobrir-se da cabeça aos pés, além de sujeitas a punições cruéis.

Os homens, que tiveram algum contacto com o Ocidente, estes, também estão apreensivos. Receosos de serem acusados de colaboracionismo com os EUA e outros países, milhares puseram-se em fuga, criando uma nova crise de refugiados na região.

Medo e desconfiança 

Entretanto, ao que parece o grupo extremista promete respeitar os direitos humanos, dentro daquilo que são os “valores islâmicos”. As afegãs vêem com desconfiança a promessa e não têm acreditado que este regresso dos talibãs seja coisa boa.

Muitas das mulheres, por medo, começaram a seguir as regras do regime e têm evitado frequentar as aulas, devido aos atentados, bem como não tem saído às ruas e adotaram a burca completa. As publicidades contendo imagens de mulheres estão a ser retiradas, bem como livros e revistas.

O secretário-geral das Nações Unidas já pediu a salvaguarda das mulheres e das meninas e que o Afeganistão não venha a alimentar organizações terroristas. António Guterres também apela para a comunidade internacional conceder abrigo às pessoas que têm fugido do Afeganistão com medo dos talibãs. 

Quem são os Talibãs?

Constituído em 1994, o movimento dos talibãs (estudantes do Corão) foi formado por ex-combatentes da resistência afegã, conhecidos como mujahedeen, militares islâmicos sunitas, que lutaram contra as forças soviéticas na década de 1980. Na altura, durante a administração de Ronald Regan, esses movimentos chegaram a contar com o forte financiamento dos EUA para a sua formação e sustento.

No poder, depois de neutralizar outros grupos e movimentos, em 1996, os talibãs trataram de impor sua interpretação da lei islâmica e remover qualquer influência estrangeira no país, a começar pelo Ocidente. Um dos seus alvos principais foram as mulheres. Estas deixaram de poder sair à rua não acompanhadas do marido, de estudar, de ter acesso aos cuidados de saúde, etc.

No entanto, nas voltas que o mundo dá, tudo voltou a mudar em 2001 depois do 11 de Setembro, data do atentado nas torres do World Trade Center. Tidos como estando implicados nesse atentado, os EUA invadiram o Afeganistão e devolveram um regime democrático no país. Uma elevada quantia de dinheiro foi investida no país, nomeadamente nas forças da defesa e segurança pública, que se mostraram insuficientes diante do renascer dos talibãs.

Na verdade, há quem fale que o grupo nunca deixou de ser forte nas zonas mais afastadas de Cabul. O sinal de que os EUA não pretendiam permanecer por mais tempo no país foi suficiente para o lançamento da ofensiva militar que praticamente não encontrou qualquer resistência por parte do poder estabelecido em Cabul.

Actualmente, o movimento talibã é liderado por Mawlawi Haibatullah Akhundzada, um clérigo sénior da geração fundadora da organização, que volta a comandar o Afeganistão.  

C/Agências

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