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Desporto

São Vicente: Associação de pesca desportiva defende legislação específica para a modalidade

Cabo Verde ainda não tem uma legislação específica que distinga a prática da pesca desportiva da pesca amadora ou recreativa, o que limita o desenvolvimento da pesca do marlim-azul. São Vicente, Santo Antão e São Nicolau formam o triângulo do marlim-azul dessa modalidade em Cabo Verde.

Cabo Verde é um dos melhores ‘spots’ a nível mundial de pesca desportiva, especialmente, do marlim-azul (espadarte azul).

Esta modalidade, que também é um produto turístico, consiste na captura do peixe, não para consumo ou comércio, mas pelo prazer de pescar. Após serem fisgados, os exemplares são pesados, marcados e geralmente devolvidos ao mar.

Embora o marlim-azul seja uma espécie migratória, pode ser encontrado nas águas cabo-verdianas quase todo o ano, principalmente no triângulo composto pelas ilhas de São Vicente, Santo Antão e São Nicolau.

De Março a Julho é a época alta desse tipo de pesca desportiva.

Um exemplar de espadarte azul pode chegar a medir até quatro metros de comprimento e a pesar mais de 500 kg.

Segundo o sócio da Sport Fishing Club do Mindelo e capitão da embarcação Mystic Blue, Giorgio Assolari, Cabo Verde é reconhecido internacionalmente pelo potencial nos desportos náuticos, em geral, e pela pesca desportiva em particular.

Neste sentido, defende que as autoridades nacionais devem intervir, com precisão, na legislação e na regulamentação específicas para a modalidade, pois a pesca desportiva ainda é regulamentada como a pesca “convencional”.

“Até hoje não há uma lei específica para ‘charters’ de pesca desportiva no país. Deve haver uma melhor colaboração entre as instituições responsáveis e os operadores do sector para haver uma distinção clara entre o que é pesca amadora, recreativa e desportiva”, avalia.

“Temos embarcações com a licença normal de pesca, pois não há um licenciamento específico para pesca desportiva, ou seja, a captura lúdica do marlim-azul é feita com a mesma licença que de captura, por exemplo, o atum ou qualquer outra espécie de peixe”.

O italiano, residente no arquipélago há 20 anos, destaca que o país tem todas as condições naturais para potencializar esta modalidade, tanto na sua vertente desportiva, como turística, de novo, reiterando uma “legislação clara”.

Giorgio Assolari argumenta que, em virtude de a pesca desportiva ser uma modalidade relativamente nova no país, ainda as regras são um pouco “vagas”.

E para debelar este cenário garante que a Sport Fishing Club tem encetado contactos com o Ministério do Mar, mas pouco ou nada tem mudado.

 

São Vicente, Santo Antão e São Nicolau, ‘hotspot’ do marlim-azul

 A Sport Fishing Club do Mindelo é composta por cerca de 300 membros, com perto de 20 barcos, os quais se encontram no pontão da associação e na Marina do Mindelo.

Cabo Verde é banhado o ano inteiro por águas temperadas o que favorece a migração do marlim-azul para o arquipélago, vindo as regiões mais frias do Atlântico.

Conforme Giorgio Assolari, há ilhas que também podem ser consideradas boas zonas desse tipo de pesca. Por exemplo, a ilha do Sal, “com dois ou três ‘spots’ interessantes” ou ainda a Boa Vista e o Maio, mas, definitivamente o triângulo entre as três ilhas do norte é o melhor ponto de pesca do marlim-azul.

“São Vicente é um óptimo local de pesca do marlim-azul, pois, tem a felicidade de ter duas ilhas próximas, como Santo Antão e São Nicolau. Esta proximidade permite-nos mudar de zonas de pesca com alguma facilidade, especialmente nos períodos do ano em que o oceano está mais quente”, explica Assolari.

 

Marlim-azul nacional e títulos internacionais

 Conforme Giorgio Assolari, já foram pescados em Cabo Verde exemplares do marlim-azul com quase 500 quilos.

A partir dos 300/350 kg já são considerados como peixes de “um bom porte”, encontrados “facilmente durante a época alta”. “Quando são fisgados os que ultrapassam os 450 kg pode dizer que estes são da família de grande porte.

Como o que foi capturado no passado mês de Julho, pela embarcação ‘Blue Hunter’, que pesava 478 quilos e deu o segundo campeonato mundial consecutivo a Cabo Verde”, o quinto no total.

Recorde-se que, em 2020, o arquipélago conquistou o título da “Copa do Mundo de Blue Marlin” com a pesca de um espadarte com o peso de 438 quilos.

Na altura a captura foi feita pela equipa da embarcação Onda Mila, liderada pelo capitão Martin Bates.

Asssociação aguarda IMP

 O Instituto Marítimo Portuário (IMP) é o regulador responsável pela vistoria e o controlo das embarcações e dos equipamentos de segurança, bem como a emissão da licença de pesca, que engloba a pesca desportiva, a licença marítima turística, a licença de pesca por convénio.

Durante o último ano e meio, a Associação Sport Fishing Club do Mindelo viu as suas actividades limitadas pelo contexto da covid-19, o que não permitiu a prática da pesca desportiva, mas também ao “desinteresse” dos mindelenses pelos desportos náuticos.

Agora, com o aparente controlo da crise sanitária, Giorgio Assolari diz esperar que a pandemia possa ser debelada o mais breve possível para que o país possa retomar a sua dinâmica económica e social em segurança.

“Já estamos parados há duas temporadas e ficar parado por mais uma seria um rude golpe no negócio e na nossa motivação”, conclui o capitão.

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 728, de 12 de Agosto de 2021

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