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São Vicente

Pole dance ganha espaço no Mindelo fora das casas nocturnas

A pole dance, ou dança do varão, já não é exclusiva dos clubes de stripteases e tem atraído pessoas que querem aprender os difíceis movimentos das coreografias. O género atrai qualquer pessoa e é considerado uma arte. Basta querer.

A pole dance alia sensualidade e exercício físico.

Há cinco meses que Keila Dias é professora e directora de uma escola, a K & K Dance, no Mindelo.

Esta professora garante que esta dança pratica-se em qualquer idade, qualquer tipo de corpo e profissão, “basta querer”.

 Qualquer um pode praticar

“Não existem pré-requisitos, qualquer um pode praticar a pole dance. Muitas pessoas dizem que não podem dançar por causa do peso, mas não tem nada a ver, é uma questão de força de vontade”, garante Keila.

Flexibilidade, força, equilíbrio e sensualidade são os condimentos dessa modalidade que tem ganhado cada vez mais praticantes no Mindelo, que querem aprender os difíceis movimentos das coreografias, ao mesmo tempo que cultivam outros aspectos o género, nomeadamente, a flexibilidade e o equilíbrio.

“A pole dance trabalha o corpo inteiro e o mais importante trabalha a autoestima das pessoas.

Hoje é uma opção para quem não gosta de ginásios de musculação e há cada vez mais pessoas interessadas, à medida que se vai desmistificando a pole dance e a medida que se vai vendo a pole com outros olhos”, conta a professora.

 Preconceito ainda existe

O preconceito com a prática da pole dance e a sua aproximação com a barra de ferro utilizada por strippers ainda faz com que os seus praticantes sejam vistos, no mínimo, com alguma desconfiança pelos espíritos mais conservadores.

“A pole é vista como algo negativo por pessoas que ainda não possuem conhecimento sobre a modalidade, que acreditam que a dança tem o intuito apenas de sensualizar ou de agradar homens.

Como utilizamos roupas curtas, as pessoas acham que queremos mostrar o corpo”, faz saber Keila, explicando que a utilização das roupas mais curtas deve-se ao facto de o varão precisar da aderência da pele, porque, se tocar no tecido, escorrega.

 Opção para quem é sedentário

Elaine Colito, 18 anos, viu no pole dance uma forma de se exercitar e de aprender a dança que sempre quis.

“Sou sedentária, pago ginásio e não vou, então, o pole transformou-se numa opção. É uma dança que gosto, acho-a bonita e consigo aliá-la com a actividade física. É perfeito pra mim”, conta a jovem, acrescentando que no início foi difícil acostumar-se.

 Aprendizagem diferente

“É uma aprendizagem diferente, os exercícios requerem força e flexibilidade, então, no início foi ‘puxado’, mas com a prática ganhei resistência e hoje consigo ficar pendurada numa barra de ferro sem problemas”.

Elaine gosta tanto das aulas que desafiou a sua amiga Heidy dos Reis, 18 anos, a fazer uma experiência.

Heidy gostou e inscreveu-se também. “No início não queria vir porque achava que a minha estrutura e o meu peso não eram apropriados para a pole dance. Sempre pensei que quem praticasse esta dança eram as pessoas com menos peso, porque era o que eu via. Mas, ao experimentar, percebi que consigo e a sensação é maravilhosa”, revela Heidy.

Nas aulas, mais precisamente, os exercícios são realizados diante do espelho, e isso contribui para um novo olhar e aceitação do seu próprio corpo.

“Vejo-me a dançar nos espelhos, a superar barreiras e pré-conceitos e percebo que qualquer um pode praticar pole dance”, afirma Heidy.

Apesar das dificuldades, a praticante diz que hoje não tem o menor desejo de parar e não se vê abandonando as aulas.

Além da procura pela autoestima e por resultados físicos, há quem pratica esta modalidade apenas por hobbie. Emiline Reis, 25 anos, é um exemplo.

“Sempre gostei de pole dance, via alguns vídeos, mas não sabia como aprender porque não havia uma escola onde ensinavam.

Quando ouvi falar da K & K Dance logo inscrevi-me. Os obstáculos dessa dança me cativam e gosto de estar no varão”, pontua.

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 727, de 05 de Agosto de 2021

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