O Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, afirmou, esta segunda-feira (9), ter sido com um misto de estupefação, incómodo e tristeza que tomou conhecimento das declarações do presidente da Câmara Municipal da Praia, Francisco Carvalho, à Agência de notícias Inforpress, segundo as quais o presidente da República é parte da concertação para atacar a Câmara da Praia.
A concertação, ou parte, ter-se-ia materializado através de um encontro do presidente da República com profissionais do sector de saneamento básico da ilha de Santiago, segundo o edil da Praia.
A presidência da república realça que a surpresa não resulta do facto das relações entre o presidente da república e o presidente da câmara municipal da Praia serem cordiais, como o atestam a circunstância do chefe de Estado ter felicitado, pessoalmente, no dia imediatamente posterior à eleição de Francisco Carvalho e de tê-lo recebido a seu pedido para uma visita de cortesia.
Ela justifica-se, diz, pelos argumentos, ou melhor pelo pretexto utilizado para essa tomada de posição num encontro com profissionais de saneamento da ilha de Santiago promovido pelo presidente, segundo nota de imprensa, que, normalmente se reúne com camponeses, jovens, políticos, sindicalistas, empresários, homens da cultura, religiosos, pescadores, lavadores de carro, universitários, emigrantes, entre outros.
Segundo o presidente da Câmara Municipal da Praia, com essa reunião, com a cobertura da comunicação social, o chefe de Estado não pretendeu ouvir esses profissionais, conhecer os seus anseios e dificuldades para avaliar em que medida pode, ou não, no quadro das suas atribuições contribuir para os enfrentar. O seu objectivo seria fazer concertação “contra” a Câmara Municipal da Praia.
Portas abertas
Contudo, a presidência da república adianta que, não obstante a profunda tristeza e o embaraço que episódios desta natureza provocam, reitera que as portas do palácio da presidência e todos os outros canais de comunicação manter-se-ão permanentemente abertos para o presidente da Câmara Municipal da Praia, que foi escolhido legitimamente pela maioria dos eleitores do município.
“Para o bem dos cidadãos que vivem na nossa capital, a disponibilidade de cooperação continuará a ser absoluta, como tem sido o timbre do Presidente da República ao longo destes quase dez anos de exercício da função e que se manterá até o último dia de seu legítimo mandato, com sentido de responsabilidade e independência”, acrescentou.
Histórico
Francisco Carvalho, recorde-se, tinha declarado ontem, que o recente encontro do Presidente da República com os profissionais do sector de saneamento básico da ilha de Santiago foi pensado para atacar a autarquia praiense.
“Eu acho que, neste momento, há claramente uma concertação entre vários actores. Estamos a falar de responsáveis políticos a nível da concelhia do MpD, estamos a falar de deputados da Nação do MpD, que estão concertados para atacarem a Câmara Municipal da Praia, porque não aceitam o resultado que saiu das urnas”, disse na altura.
c/ RCV