O Clube de Ténis da Praia está em rota de colisão com a Câmara Municipal da Paia (CMP), acusando esta de estar a violar o contrato estabelecido entre as partes no âmbito da cedência dos terrenos dessa agremiação desportiva para a construção da nova embaixada dos EUA. O executivo de Francisco Carvalho mandou demolir duas casas e parte da vedação dessas instalações desportivas, criando o caos no outrora campo de ténis.
O Clube de Ténis, na Várzea, está a atravessar por uma situação caótica. Sem a anuência da direcção do clube, a CMP resolveu demolir parte das vedações e dois imóveis onde residiam pessoas que garantiam a segurança dos equipamentos desportivos dessa agremiação.
Roubo de equipamentos do Clube de Ténis
Com isso, as instalações do clube ficaram vulneráveis a actos de vandalismo. O pior aconteceu no passado fim-de-semana com o roubo das redes de dois campos de ténis, impossibilitando, assim, a prática dessa modalidade na capital do país.
Numa carta endereçada ao presidente da CMP, que A NAÇÃO teve acesso, o presidente da direcção do clube, António Pedro Borges, começa por dizer que “aconteceu o que receávamos e lhe informámos no nosso encontro do passado dia 06 de Julho: roubaram os equipamentos do Clube de Ténis, designadamente as duas redes de dois dos courts do fundo do clube, num valor de mais cinquenta contos”.
“Com efeito, a precipitação com que a Câmara demoliu as duas casas e o muro de vedação aí existentes, sem qualquer tipo de comunicação com os legítimos donos, criou um vazio, que como deve saber, na Cidade da Praia é imediatamente ocupado pelos vândalos e ladrões, conforme lhe dissemos no citado encontro e que infelizmente se concretizou”, realça.
Promessa não cumprida pela Câmara Municipal
Contudo, a promessa de que os responsáveis da CMP iriam verificar a situação e que algumas medidas seriam tomadas, “não passou de mesmo de promessa”.
Com esta situação, conforme António Pedro Borges, ficam assim impedidos de praticar ténis, dezenas de jovens, e não só, da cidade da Praia, e “fica contrariado o princípio basilar do contrato que assinámos com a CMP e que estabelecia que nenhuma acção seria empreendida nas nossas instalações antes da construção e entrega ao clube de novos courts completamente equipados”.
“Já era de mau agoiro a total insensibilidade demonstrada para com a modalidade de ténis pelo responsável da Câmara pelo desporto, claramente manifestada ao Presidente da Associação de Ténis da Praia e a demolição da vedação que teria sido feita sem o conhecimento do próprio Presidente”, afirma.
O presidente do Clube de Ténis diz que os amantes dessa modalidade receiam que “isso seja o prenúncio de uma situação de caos e de abandono que crie condições para a ocupação das instalações por outem, que não os donos legítimos, o Clube de Golf e Ténis da Praia, e contrário ao espírito do contrato que assinámos com a Câmara”.
Francisco Carvalho, enigmático e lacónico
A NAÇÃO tentou obter uma reacção do presidente da CMP sobre essa situação, mas obtivemos esta resposta lacónica e enigmática de Francisco Carvalho.
“Quem deve pronunciar-se sobre isso é a própria direcção do clube. Acho que por agora é melhor ficarmos só com os seus factos”.
Durante a conversa que manteve com este jornal, Carvalho mostrou-se pouco preocupado com as consequências da sua decisão.
Mesmo diante da eventualidade de um recurso judicial, por parte dos responsáveis do Clube de Ténis, respondeu não temer essa via para resolver o problema que ora se coloca com a demolição efectuada pela CMP.
Com a cedência dos terrenos do Clube de Ténis para a construção da embaixada dos EUA, existe um contrato para a construção de novas instalações do clube na zona do Palmarejo, assinado pelo executivo anterior liderado pelo ex-edil Óscar Santos. Sobre o arranque destas obras, Francisco Carvalho diz que as mesmas serão anunciadas “no momento oportuno” e esse “momento oportuno” será “quando chegar a hora”.
Até o fecho desta edição, o autarca não tinha reagido à carta que lhe foi endereçada pelo presidente do Clube de Ténis da Praia, António Pedro Borges, no domingo, 24, sobre o estado em que se encontra, neste momento, os equipamentos dessa agremiação, na Várzea.
Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 726, de 29 de Julho de 2021