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Opinião

Comunicação digital ou Ciberdiplomacia para servir Cabo Verde

Por: José Valdemiro Lopes

Se as produções Culturais Cabo-Verdianas alcançaram um público global, no biénio atípico 2020-2021, época em que todo mudou, com o surgimento da pandemia Covid-19, o sucesso na promoção da caboverdianidade aconteceu, graças ao impacto das redes e mídias sociais: concertos, workshops, conferências, apresentações lives, mudaram a maneira como nos relacionamos, com o público, com as instituiçoes e organizações estatais, municipais e internacionais. Em Cabo Verde, as ilhas ficaram mais pertos umas das outras e podemos afirmar sem reservas que a utilização dessas plataformas digitais serviram  para atingir públicos mais amplos, favorecendo como verificou-se em casos pontuais a realização e cumprimento de objetivos diplomáticos, com segurança e confidencialidade graças à transparência de que goza a internet conferindo,  à diplomacia a transparência e a responsabilidade que a governança e a sociedade tanto exigem…

Em Cabo Verde, as redes sociais estabeleceram-se como um dos eixos da ciberdiplomacia para servir os caboverdianos no país e no exterior, levar a atividade diplomática e administrativa aos cidadãos na diáspora e aumentar o conhecimento do mundo exterior para o nosso país e cultura. (balções únicos, formularios, conferencias…concertos e etc.)

Como afirmamos já várias vezes, a comunicação digital já é uma parte inerente ao trabalho diplomático e neste quadro as redes sociais são o instrumento de maior imediatismo e relevância. São também uma alavanca decisiva nas áreas da diplomacia pública e devem ser utilizadas na luta contra a desinformação e as notícias falsas (fakenews). Cabo Verde tem a oportunidade e dever de criar todas as condições para que a diplomacia digital penetre profundamente no DNA diplomático e administrativo vencendo os constrangimentos geográficos como nação arquipelágica ainda muito centralizada. Os ministérios podem entender a aceleração tecnológica como uma oportunidade para uma adaptação pró-ativa, baseada no ecossistema e focada na rede. Se, por outro lado, a digitalização não consegue conter o contágio emocional, o determinismo algorítmico e a entropia estratégica, é muito provável que os ministérios desacelerem seus esforços para integrar as tecnologias digitais em suas atividades.

Evidenciamos duas correntes de pensamento sobre a diplomacia digital: 1- Podemos afirmar que se trata de uma nova ferramenta na condução da Diplomacia Pública, entendida como aquela dirigida à opinião pública, ao mundo empresarial e à sociedade civil em geral, com o objetivo de projetar valores e assumir uma posição além fronteiras do Estado atingindo a diaspora cabo-verdiana e outras nações e parceiros. 2- Com a actual crise pandémica e com a globalização, a diplomacia pública evoluiu e é agora que o que vivemos no quotidiano evitando contacto presencial, tanto no parlamento e entre o Estado de Cabo Verde e as Instituições Internacionais multilaterais, culturais, governativas, etc. Adoptando novas praticas administrativas culturais e outros mais fazendo que o que identificamos e conhecemos como diplomacia digital ganhe pleno significado, também nestas 10 ilhas do atilantico médio.

Iniciou-se, consciente ou inconscientemente uma nova forma de diplomacia, reestruturando interesses e necessidades globais, governamentais e sociais, produto do novo ecossistema digital. A diplomacia digital modifica e enriquece a diplomacia pública tradicional, ao aumentar a capacidade de interagir e participação activa de públicos nacionais e estrangeiros e interação com a diaspora, permitindo a transição do monólogo para o diálogo (meu ponto de vista). Com a certeza porém que o uso crescente de TICs (Tecnologias de Informação e de Comunicação) e as plataformas de mídias sociais por um país de parcos recursos e muito dependente como é o caso de Cabo Verde garante melhores possibilidades para que se possa atingir “nossos” objetivos de política externa e praticar de forma moderna e inteligente a “diplomacia pública”…

As TICs, as redes sociais, a robótica e a inteligência artificial são as ferramentas por excelência da instalação da quarta revolução tecno-industrial, sectores com transferência de tecnologia e de suportes a criações de novas oportunidades, que abrem portas a novas perspectivas de mudanças, muitas vezes radicais, que estão influenciando o mundo inteiro, Cabo Verde deve abraçar todas essas tendências do conhecimento para se poder assimilar e regularizar as incidências que num futuro próximo irão propulsar, as nove ilhas povoadas para um novo patamar estrategicamente operacional, única via para se poder ultrapassar e estar-se, acima dos constrangimentos e limitações, de ordens várias que desde os primeiros dias da independência politica até a presente data, nos cerca e limita ao status quo de pais continuadamente em vias de desenvolvimento…

A pandemia da Covid-19 colocou-nos perante a obrigação dever de operar a justiça social, instalando uma “estratégia englobando todos”, utilizando os TICs e a “diplomacia digital”, com o objectivo de aumentar a qualidade democrática cabo-verdiana, que alicerçada às possibilidades de êxito, nesta operação Cabo Verde tem de abraçar na prática os “ODS”,(Objectivos de Desenvolvimento Sustentável) e suas metas articulando todas as demandas cruzadas de todas as nove ilhas habitadas e todas as regiões, conjugando interesses locais, ambientais socioeconómicos públicos e privados, em benefício da maioria dos cidadãos que continuam mergulhados na pobreza. A tarefa não é fácil, mas é nobre e a nação cabo-verdiana tem o imperativo de planificar e criar hoje o futuro sustentável, para todos os filhos deste arquipélago e futuras gerações.

miljvdav@gmail.com

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 722, de 01 de Julho de 2021

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