O pronunciamento da Associação de Crianças Desfavorecidas (ACRIDES) veio na sequência do caso de uma violação, ocorrida em Santa Cruz, interior de Santiago, denunciado nesta quarta-feira. A adolescente de 15 anos, além de sofrer violência sexual, é vítima de extorsão e recebe, constantemente, ameaças de morte.
Lourença Tavares, presidente da ACRIDES, numa reação ao caso, diz-se chocada e lamenta a situação. A mesma garante que a instituição está disposta a apoiar a criança e a família, mas encoraja e apela às famílias, e à sociedade civil, a denunciarem as situações como esta e lembra que abuso sexual contra criança é crime.
“Cada vez que ouvimos notícias de violação sexual de crianças ficamos tristes. Choca-nos realmente. É uma criança e a violação sexual em Cabo Verde, infelizmente, nós sabemos que acontece. Precisamos de uma justiça célere, uma justiça que faça um pouco de medo aos agressores para que sintam o peso das suas ações e pensarem duas vezes antes de fazerem aquilo”, defende.
Aquela representante elucida que o ICCA (Instituto Cabo-verdiano da Criança e Adolescente) é a instituição mais capacitada para trabalhar neste tipo de situação e apela a todos, mais uma vez, a protegerem e a ficarem em estado de alerta quando se trata dos mais pequenos.
“Tendo o contacto da família podemos é telefonar para dar apoio moral, encorajar a mãe a continuar a apoiar a filha, procurar o ICCA e outras instituições que possam ajudá-la. Para nós, o ICCA é a primeira instituição a ser contactada para a prestação de apoio psicossocial e fazer o encaminhamento que a criança irá precisar”, explica.
“Nós continuaremos aqui fazendo a nossa parte e esperançosos que medidas mais céleres sejam tomadas, em prole das nossas crianças que merecem muita atenção, proteção e cuidados, principalmente quando são vitimas de violência sexual”, finaliza.
Agressor desconhecido
A mãe da vítima, em declarações à rádio pública, contou que o caso já está nas mãos da polícia e diz desconhecer a identidade do agressor.
A vítima começou a ser extorquida e ameaçada de morte. Caso não entregasse ao agressor um montante de 10 mil escudos seria violentada sexualmente. Com medo ela acabou por roubar, primeiramente, dois mil escudos de sua avó e, posteriormente, mais 1.300 escudos. Contudo não resultou. Acabou por ser abusada por diversas vezes.
A adolescente de 15 anos contou também que só viu a cara do individuo uma única vez e que nas ocasiões seguintes este estava encapuzado e com arma branca.
A mãe pede por justiça e por proteção, tendo em conta que a filha já foi violentada muitas vezes e que no passado fim-de-semana foi estuprada na sexta, sábado e domingo. Além disso, a mãe revela, também, que esta mesma criança foi abusada sexualmente por um tio quando tinha apenas 10 anos.
Traumatizada, e com medo, a mãe diz que já não sabe o que fazer, pois tem mais duas filhas que estão também a receber ameaças do mesmo agressor.
C/ RCV