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Carta Aberta: Para emigrantes da Guiné-Bissau, que reclamaram…

Por: Agostinho Santos

Caros cidadãos da Guiné-Bissau.

Respondo assim a várias reações que recebi através do Messenger.

Obviamente, esta carta não se destina a todos cidadãos da Guiné-Bissau, em Cabo Verde.

De antemão, peço desculpas àqueles que se sentirem ofendidos ou interpretarem mal a minha carta.

Diplomacia

Para começar queria dizer, que naquilo que aprendi sobre “diplomacia”, uma visita de um presidente não deve ser usada para ridicularizar um país, nem seus funcionários.

Infelizmente, o presidente de Cabo Verde, por falta de decisão e autoconfiança, deu ao presidente general Umaro Sissoco Embalo, espaço para abusar da hospitalidade cabo-verdiana que chamamos de morabeza.

Além da diplomacia, quando uma pessoa chega na casa da outra, não vai ditar as regras. Ele se adapta, respeita, ou então vai embora.

 

Filho de emigrantes

A todas as pessoas que estiveram presentes naquela sala para falar mal dos profissionais cabo-verdianos e exigir aquilo que a lei cabo-verdiana não permite, gostaria de dizer o seguinte:

Eu também sou filho de emigrantes cabo-verdianos na Holanda.

Portanto, sei o que significa ser emigrante, mas em cima de tudo sei como me comportar no país onde sou emigrante.

 

Exemplo

Emigrantes cabo-verdianos, na Holanda, nunca usam uma visita do seu presidente, para falar mal da Holanda ou dos funcionários. Quando vem um governante de Cabo Verde, os cabo-verdianos querem falar de:

– companhias aéreas;

– alfândegas;

– transportes para as ilhas;

– e burocracia em Cabo Verde.

Você, cidadão guineense, que vive em Cabo Verde, deviria ter dito:

“Senhor Presidente, Cabo Verde dá-me algo que Guiné-Bissau não me dou: nomeadamente a liberdade, sossego e trabalho.

“Senhor presidente, aqui em Cabo Verde, tive possibilidades (juntamente com outros emigrantes) de fazer Santa Maria na Ilha do Sal, o que ela é hoje. Um lugar que já não respira ar de Cabo Verde”.

“Senhor presidente, por minha culpa, ou por culpa do meu povo, em todas as pesquisas os turistas indicam que a coisa que lhes mais incomodam em Cabo Verde, é o facto de serem assediados na rua por “vendedores irritantes” que perturbam sua paz quando estão na praia, quando estão tomando um drink, quando querem passear na rua, etc. Mas de qualquer forma os cabo-verdianos e as autoridades deixam-nos em paz.”.

“Senhor Presidente, aqui em Cabo Verde fazemos o que queremos. Matamos nossos animais no meio da rua, muitos de nós moramos em casa com ou sem meios sanitários. Até o “mestre Mamadou” faz aqueles cabo-verdianos, que são “mentalmente fracos” acreditarem que ele pode curá-los”.

“Senhor presidente, em Cabo Verde posso trabalhar como guia turístico, apenas porque falo um pouco de francês ou inglês:

Se um turista me perguntar: podes mostrar-me a casa onde nasceu a Cesária Évora? Levo-o em uma casa qualquer na Palmeira, ilha do Sal.

Se um turista me perguntar por que uma praia da Boa Vista se chama “Praia Cabral”, digo-lhe porque Amílcar Cabral costumava de nadar lá. Estou aqui para ganhar dinheiro, não para promover Cabo Verde”.

É claro que escrevi isso com um pouco de ironia.

No entanto, os factos falam por si. Nada é inventado.

 

Barracas

Sabemos que, depois que cidadãos de sub-região vieram para Cabo Verde, as Barracas ultrapassaram dos limites. Normalmente, em Cabo Verde, funcionários de outras ilhas (Barlavento) formam um grupo e alugam uma casa.

Devemos reconhecer, que o turismo em massa trouxe o crime e a emigração indesejada para Boa Vista. Emprego para a população local é mínimo.


Mão-de-obra-barata

Se um cidadão de sub-região se deixa ser usado como “mão-de-obra barata”, significa que um cabo-verdiano, que tem uma família e uma hipoteca no banco, não vai poder cumprir as suas obrigações.

 

Policias de fronteiras

Estou ciente de que nem sempre as policias de fronteiras são justos e educados. Mas os cabo-verdianos que não nasceram em Cabo Verde também nem sempre são bem tratados. Mas… a polícia de fronteira na Guiné-Bissau não é melhor!

Cabo Verde precisa de profissionais. Não de um aventureiro não-qualificado que vem para Cabo Verde só com endereço de um primo que mora numa barraca.

 

Conclusão

A visita do General Umaro Sissoco Embalo não fez aproximar estes dois povos que lutaram juntos pela independência da Guine e de Cabo Verde.

Uma parte da população da Guiné pensa que Cabo Verde é uma extensão da Guiné.

 

(Citado de um seguidor)

“Se Cabo Verde começar a ceder aos caprichos da Guiné brevemente iremos ter  golpe de estado, intervenção nas decisões do governo porque todos nós sabemos que o povo guineense são todos políticos mesmo não percebendo nada da política, o que gera a instabilidade política no pais deles, claro que vão querer  trazer isso para Cabo Verde no caso de terem a nacionalidade cabo-verdiana de  forma desorganizada”.

Senhor Emabalo, falou como um general que é capaz de dar um golpe de Estado se não conseguir o que quer, e o povo da Guiné-Bissau, que vi naquela sala, uivou com o lobo.

 

Paraíso

Para mim, isso é uma confirmação. Para os padrões africanos, Cabo Verde é um paraíso. Então seja honesto e diga: estou feliz por poder viver aqui em Cabo Verde.

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