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Economia

Islandeses apanhados de surpresa sobre decisão do Governo em reaver 51% da TACV/CVA

Os islandeses da Lofleidir Icelandic, accionista maioritário da CVA/TACV, foram apanhados de surpresa pelas declarações públicas de Ulisses Correia e Silva, ontem à noite, em entrevista à TCV, dando conta de que o Governo tenciona reaver os 51% das acções da companhia e, assim, passar a deter o controlo da gestão. 

Numa mensagem enviada ainda ontem à noite, aos trabalhadores, depois das declarações de Ulisses Correia e Silva, à qual este online teve acesso, Erlendur Svavarsson, PCA da companhia, avançou que a referida declaração “foi uma completa surpresa” para ele e para a “Comissão Executiva”.

“Neste momento não fui informado dos próximos passos pelos accionistas, mas assim que tiver informações para partilhar, farei isso aqui (no workplace)”.

O mesmo esclareceu ainda aos trabalhadores que “as mudanças de propriedade das acções da companhia, não têm qualquer impacto directo no nosso dia-a-dia de trabalho”.

Erlendur informou ainda que o objectivo da companhia “permanece oferecer voos confiáveis e eficientes, com uma diferença, ligando quatro continentes, através do nosso centro na ilha do Sal”.

“Amanhã ainda teremos de vender mais bilhetes, ainda teremos de atender chamadas telefónicas, rever mais manuais e continuar a fazer todo o trabalho diário que é necessário para gerir uma companhia aérea”.

O presidente do conselho de administração da TCV/CVA disse ainda aos trabalhadores que a “rotina diária” da companhia “não será interrompida por essas discussões de accionistas”.

Erlendur assegurou que a rotina diária para “apoiar” a companhia e “trazê-la de volta ao céu” vai continuar.

O mesmo  agradeceu ainda aos colaboradores pelo “trabalho árduo”, “perseverança e optimismo”.

Recorde-se que na sexta-feira passada, dia 18, estava previsto um voo de retoma da companhia, ligando Sal a Lisboa, com quatro passageiros a bordo, mas o mesmo acabou por não ser autorizado pela ASA. A administração negou ser uma contenda que tenha a ver com dívidas e falou em falta de “coordenação” entre a companhia e ASA.

Histórico

Recentemente, a administração da empresa havia comunicado que de 28 de Junho até 28 de Março de 2022, irá operar quatro voos semanais entre Praia/Sal e Lisboa às sextas e segundas-feiras; um voo semanal para e de Sal/Praia/Boston às terças com regresso às quartas-feiras e um voo semanal para e de Sal/São Vicente/Paris aos sábados com retorno aos domingos.

Segundo fontes do A NAÇÃO, no próximo dia 29 de Junho está previsto um voo Praia-Boston e a 13 de Julho um voo que vai ligar São Vicente a Paris.

A retoma da companhia está a ser seguida de uma série de novas medidas, que se prendem com a reestruturação da empresa, tendo, conforme já anunciamos antes, sido comunicado ao presidente do Sindicato dos pilotos, Paulo Lima, que 40% desses profissionais vão ser despedidos (ou dispensados, como prefere designar a companhia). Apenas nove haviam sido chamados para a retoma, num horizonte de cerca de 48 pilotos.

A medida de “dispensa”, mal-aceite no seio da classe, que fala em “favorecimento” de alguns desses profissionais, deve abranger perto de 18 pilotos, especialmente aqueles que se encontram em idade de pré-reforma e os contratados mais recentemente, antes da pandemia. Não estão abrangidos os pilotos em cargos de chefia.

O Sindicato espera “rigor” no cumprimento da lei. Isto quando a companhia avançou que ia traçar um plano para abranger os pilotos que se enquadram no perfil da pré-reforma. Um processo que não será fácil, tendo em conta que pilotos e administração estão de costas voltadas.

O despedimento dos 40% desses efectivos, alegou a companhia, prende-se com a “redução do volume de negócio provocado pela pandemia da covid-19”, dado que, em “consequência” a companhia “passará a operar com apenas duas aeronaves”.

Contudo, a administração afirma que aproveitou esta paragem “forçada” pela pandemia para se “reorganizar, treinar as suas equipas e implementar um novo sistema de vendas”, entre outras coisas.

De referir que a TACV/CVA esteve parada desde março de 2020, ou seja, mais de um ano, com vários problemas financeiros, com o Governo a ter de injectar mais capital na empresa, através de avales do Estado, para operacionalizar e viabilizar a retoma.

Só este ano, o actual Governo já emitiu avales na ordem dos 550 mil contos, estando previsto injectar mais 30 milhões de euros, até final de Julho próximo.

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