O rapper mindelense, Kiddye Bonz, diz que hoje em dia acredita que a justiça existe. Esta declaração foi proferida na noite desta quinta-feira (3), durante uma live na sua conta oficial do Instagram, em reacção ao seu alegado envolvimento num caso de pedofilia. Em causa, uma denúncia feita publicamente pelo rapper radicado nos Estados Unidos, Wise Henrick, que disse, no videoclip “Nhas gritus”, exibindo papéis, que Bonz estaria a responder a um processo, no tribunal, por pedofila.
Há duas semanas, o rapper cabo-verdiano, radicado nos Estados Unidos, Wise Henrick, lançou um videoclipe intitulado “Nhas gritus”, onde, denúncia muitas situações de injustiça em Cabo Verde, onde, entre outras coisas, faz referência que Kiddye Bonz estaria a responder pelo crime de pedofilia, no Tribunal de São Vicente.
“Nunca pensei que um dia eu iria dizer isto mas hoje eu acredito que a justiça existe. As pessoas de fora, falaram do que ouviram, foram poluídas por aquilo que os outros deitaram para fora. Eu era alguém que só criticava o sistema e tal. A justiça existe porque ouviram os dois lados e não encontraram nenhuma prova, porque quem estava a acusar disso não tinha nada para comprovar qualquer tipo de relacionamento entre eu e a menor. Nenhum tipo mesmo”, começa por dizer Kiddye Bonz.
Este pronunciamento público de Kiddye Bonz acontece duas semanas após o lançamento do videoclipe “Nhas gritus”, de Wise Henrick. O rapper mindelense disse que só não se tinha pronunciado antes porque, tratando-se de algo na alçada da justiça, o seu advogado aconselhou-o a não falar sobre o assunto.
“O advogado disse-me para não falar sobre o assunto. Eu nunca imaginei que este momento pudesse existir na minha vida. Pessoas mal intencionadas criam algo para destruir uma pessoa com base na mentira. Não sei qual a intenção. Depois de tudo na justiça ter terminado, eu soube que tinha tido até pedido de indemnização”, explica.
Kiddye Bonz revela que até se sentiu tentado a trazer a menor ao público, para que ela desmentisse o caso e elucidasse todos sobre a situação.
“Não o faço, para não privá-la da sua infância. Ela é uma menor e deve ser tratada como uma menor. Talvez algum dia, se ela estiver maior, quando estiver adulta, possa dizer o que realmente foi para que todos saibam. Ela tem muito para viver e não tem nada a ver com isto. É uma vítima devido à inveja de pessoas”.
Kiddye Bonz não tem dúvidas que a repercussão que a denúncia do seu alegado envolvimento num caso de pedofilia está directamente relacionada com um tentativa de manchar a sua imagem devido à inveja.
“Uma coisa que não podia sair da justiça. Tudo o que alguém diz, tu podes acreditar, mas tens que ouvir o outro lado. Ninguém ouviu o outro lado e não sabem e só acreditaram no que uma pessoa disse e ficou assim”, lamenta.
Entretanto, revela que esta situação deixou-o mais forte do que nunca e que vai se focar num trabalho de nome “Galaxys”, que não deverá tardar a ser lançado.
Wise diz que defende crianças e juventude para não caírem nas drogas e pedofilia
Abordado pelo A NAÇÃO nas vésperas do pronunciamento público de Kiddye Bonz, o rapper Wise Henrick, revelou que limitou-se a colocar na sua música uma informação a que teve acesso.
“Simplesmente consegui informações e coloquei na minha música. Mesmo que fosse outro rapper eu colocava porque falamos de algo que afecta e muito a sociedade, droga e pedofilia. Nas minhas músicas sempre demonstrei que defendo crianças e juventude, para não caírem nas mãos dos pedófilos e das drogas”, disse.
Apesar da insistência, Wise não revelou como teve acesso à informação que dava conta do alegado envolvimento de Kiddye no caso de pedofilia.
“Como a informação chegou até mim, eu acho que não posso revelar porque é uma fonte do qual ninguém quer beber e do qual todos têm medo de beber, então não quero tocar nele”, acrescenta.
Histórico
Há dois meses Wise Henrick já tinha lançado uma música, intitulada “1 voz riba silêncio”, onde visava vários artistas. Entre os nomes estavam Batchart, Rapaz 100 Juiz, Hélio Batalha, Grace Évora e Kiddye Bonz. Nessa música, em particular, acusou Kiddye de usar o rap para promover o uso da cocaína. Seguiu-se uma reação do mindelense com a música “Era uma vez Sofia”, que foi interpretado como um “beef” direcionado a Wise.
Mais recentemente, duas semanas atrás, Wise lançou “Nhas gritus”, onde apresentou um trecho de um despacho que revelava que Kiddye Bonz, alegadamente era arguido num caso de pedofilia.
Questionado pelo A NAÇÃO sobre o clima hostil entre ele e Kiddye Bonz, Wise diz que nunca teve qualquer desentendimento com o rapper mindelense.
“Antes de ‘1 voz riba silêncio’ e nem depois, nunca tive nenhum desentendimento com Kiddye Bonz, porque eu não o conheço. Ele é simplesmente um indivíduo cabo-verdiano. Eu simplesmente fui a voz do meu povo e falei o que pensei porque acredito que o rap é isso, tens a tua própria voz. Porque da maneira que tem estado a ser visto, é como se eu não tivesse a minha própria opinião e como Cabo Verde é um país democrático onde se tem o livre arbítrio e liberdade de expressão, eu acredito que tenho voz e posso falar. Da maneira que as coisas têm acontecido é como se pudesses pensar , mas não falar”, argumenta.
Feedbacks positivos e negativos
A polémica causada pela troca de “argumentos” entre Wise e Kiddye Bonz originou uma série de reações positivas e negativas para ambos os lados. No caso de Wise, este diz ter recebido bons feedbacks e outros um tanto ou quanto desagradáveis.
“Quanto à música, recebi alguns feedbacks no facebook que não são agradáveis, mas são um povo que são o último dos quais vou-me focar, porque estou me focando numa mãe que não tem facebook, que é a vendedeira que não tem tempo para o facebook. Eu quero focar-me nesse tipo de coisas e num pescador, por exemplo. A quem está no facebook a perder tempo, eu pergunto-lhes se é a única forma que acham para contribuir para um Cabo Verde melhor? O feedback no meu messenger privado tem sido campeão e duas vezes melhor que ‘1 voz riba silêncio’ “, conclui.
Hoje, em Cabo Verde assinala-se o Dia Nacional de Combate ao Abuso Sexual de Menores.
