Pedido de desculpas do Papa Francisco foi uma das 94 recomendações feitas pela Comissão de Verdade e Reconciliação do Governo canadiano.
O ministro dos Serviços Indígenas do Canadá, Marc Miller – citado pelo jn.pt -, disse que o Papa Francisco deve fazer um pedido de desculpas formal, pelo papel desempenhado pela Igreja Católica no Sistema Escolar Residencial do País.
A afirmação aconteceu quarta-feira, 2, dias após à descoberta dos restos mortais de 215 crianças, na Escola Residencial Indígena de Kamloops, que já foi a maior do País, algumas das quais com apenas três anos, vítimas de supostos abusos.
Os restos mortais das crianças foram detectados com a ajuda de um radar de penetração no solo, no passado fim de semana, e é possível que venham a ser encontrados mais corpos, porque algumas zonas da Escola ainda não foram revistas.
O Governo de Justin Trudeau comprometeu-se, ainda, a apoiar os esforços para encontrar mais sepulturas não-identificadas nas antigas escolas residenciais para estudantes indígenas, instituições que mantinham crianças retiradas de famílias indígenas em todo o Canadá.
A “Kamloops Indian Residential School” era a maior instituição do género no Canadá e foi gerida pela Igreja Católica Apostólica Romana, entre 1890 e 1969, antes do Governo Federal assumir a sua gestão como Escola Diurna, até 1978, ano em que foi encerrada.
Quase três quartos das 130 escolas residenciais eram administradas por Congregações Missionárias Católicas.
O pedido de desculpas papal foi uma das 94 recomendações feitas pela Comissão de Verdade e Reconciliação, criada como parte de um pedido de desculpas do Governo sobre os acontecimentos nas escolas e Trudeau já pediu, pessoalmente, ao Papa Francisco, durante uma visita ao Vaticano, em 2017, para considerar esse gesto.
A Conferência de Bispos Católicos Canadianos anunciou, em 2018, que o Papa não podia desculpar-se, pessoalmente, pelas Escolas Residenciais, embora não tenha recusado reconhecer as injustiças enfrentadas pelos povos indígenas, em todo o Mundo.
A ministra das Relações Indígenas, Carolyn Bennett, também acrescentou que um pedido de desculpas do Papa ajudaria a cicatrizar o sofrimento das vítimas.
A Comissão de Verdade e Reconciliação tem registo de, pelo menos, 51 crianças mortas na Escola, entre 1915 e 1963.
Identificou, também, perto de três mil e 200 mortes confirmadas em escolas de todo o País, mas frisou que os estabelecimentos não registaram a causa de morte, em quase metade.
