Cabo Verde conta a partir de hoje com uma plataforma digital que reúne toda a informação sobre o artesanato “made in Cabo Verde”. O lançamento aconteceu hoje no Centro Cultural do Mindelo e teve a participação do MCIC, Abraão Vicente.
Com esta plataforma, as ferramentas de pesquisa que levam a conhecer os artesãos, as suas áreas e saberes, estão disponíveis num único sítio. O SIArt- Sistema Integrado de Artesanato traz, segundo o diretor do Centro Nacional de Arte, Artesanato e Design, Irlando Ferreira, outras possibilidades a nível da gestão e promoção do sector.
Além de dar a conhecer os artesãos, e os trabalhos produzidos por estes, permite gerir cartões do artesão e o selo create in Cabo Verde, pois, a partir do selo, com código criado, qualquer indivíduo que lê esse código pode ir diretamente à plataforma ou artesão detentor desse selo.
Artesãos congratulam-se com a iniciativa
Maria de Lurdes, mais conhecida por Lutcha, é uma artesã, natural de São Vicente, que trabalha com rendas desde pequena e diz estar “alegre” com este reconhecimento e poder mostrar o seu trabalho ao mundo.
“Hoje tenho um orgulho enorme de ser uma artesã profissional. É um trabalho que faço com alegria, portanto estou satisfeita por, finalmente, ver o meu esforço reconhecido nacionalmente e, quem sabe, internacionalmente”, avança.
Também Luís Lopes, que produz materiais de cerâmica, em Porto Novo, garante que com a plataforma os artesãos irão colher frutos no futuro.
“Já temos um documento que comprova de facto aquilo que nós somos e concerteza vai trazer frutos, por isso é muito importante o reconhecimento e valorização do artesão”, enfatiza Luís, acrescentando que a classe tem um trabalho importante nesse processo e, portanto, devem inscrever-se para adquirirem as suas carteiras profissionais.
Para o Ministro da Cultura e Indústrias Criativas, Abraão Vicente, esta plataforma é apenas um exemplo de como só construir um edifício pomposo e moderno como o CNAD não é suficiente para dar consistência ao sector.
“O SIArt é tão importante quanto toda a obra de reabilitação que estamos fazendo no CNAD, dignificar as profissões, profissionalizar e formalizar perante a sociedade civil e dar a quem exerce o artesanato o reconhecimento profissional e social ligado à nobreza da profissão que exercem”, afirma.
Na sua óptica, “o CNAD, mais uma vez, está um passo à frente mesmo dentro do que é o sector da cultura, no momento simbólico para entender como o sector do artesanato está tão a frente a nivel no seu processo de modernização e digitalização”.
Abraão Vicente afiança ainda que, através desta plataforma estão a criar um processo de recolha de dados com capacidade e instrumento para gerir melhor o sector.
“Saber onde cada artesão está, saber onde é que cada produto é produzido, saber a sua autenticidade e, sobretudo, criar um nicho que pode ser cultivado apenas pelos artesãos cabo-verdianos, porque se há reclamações nas ilhas mais turísticas de que não temos arte Made in Cabo Verde, esta é uma plataforma que, através do seu processo de informação, vai dar garantia aos turistas e nacionais quanto à qualidade do produto produzido”, explica.
Criselene Brito