A equipa do Grémio Desportivo Amarante completa, esta quarta-feira (2), 85 anos de existência. Respeitando as orientações emanadas pelas entidades responsáveis da saúde, este clube mindelense restringiu as actividades comemorativas para assinalar a data.
Assim, esta quarta-feira, 2, na sede do clube, vai-se proceder à entrega de prémios aos 12 vencedores do concurso de desenho, numa parceria com a Escola de Chã de Cemitério e no âmbito da política de responsabilidade social e ambiental do Amarante.
No final do dia, o amarantino, António Almeida Fortes, vai ser homenageado numa cerimónia privada na sua residência, como reconhecimento ao seu amor e dedicação ao Amarante.
As actividades comemorativas do 85o aniversário do Amarante vão ser encerradas com os parabéns a serem cantados pelos atuais e antigos Dirigentes, Trabalhadores que estarão juntos na sede do clube.
História
O Amarante nasceu em junho de 1936. Foi seu embrião o grupo de futebol juvenil «Portugal», jovens de 13 e 14 anos que jogaram no Alto de Santo António com os vizinhos «Espanta», com o «Tic-Tac» da rua de S. João, «Bari» e «Marítimo» das redondezas e «Juventude Vicentina» de uma outra zona.
“Foi depois de um dos jogos (na época disputados com bola de meia) que esses garotos resolveram criar um clube a sério. Entre propostas e contra-propostas, Alberto Borges foi quem acabou por perfilhar a equipa: Amarante, nome de um famoso guarda-redes do clube Setúbal de Portugal”, lê-se no site do GD Amarante.
Silvestre Simão Silva foi eleito o primeiro presidente do clube, onde todos eram admiradores do glorioso «Boca Júnior» da Argentina, de onde advém, aliás, o equipamento dos amarantinos, estreado por ocasião das festas do primeiro aniversário, altura em que o Amarante realizou o seu primeiro jogo a sério. Campo da Fontinha, julho de 1947, tendo como adversário «Juventude Sanvicentina».
Jovens e empreendedores, os amarantinos decidem dotar o clube dos seus símbolos: a bandeira e o hino. A bandeira ficou parecida com a do Castilho, porque os amarantinos gostavam muito da dos azuis e brancos e foi nela que se inspiraram. Trocou-se apenas o globo pela bola e incumbiu-se ao grande pintor Fernando Torres que fizesse a bandeira áureo-azul.
O hino surge em 1942 pelas mãos do grande poeta José Lopes da Silva com música composta pelo reconhecido maestro Jorge Monteiro. Mas antes, em 1938, aproveitando o entusiasmo reinante à volta do jovem clube, os amarantinos conquistaram o coração e o talento de B.Lèza que compôs uma morna dedicada ao Amarante.
A imagem de todo o recém-nascido, os primeiros passos foram ténues e prudentes. A sua primeira sede foi montada numa velha casa de teto muito esburacado, sita na antiga rua Vasco da Gama, hoje William du Bois. A renda semanal era de dez escudos. Nessa altura a quota semanal de cada amarantino era de dois tostões.
O telhado foi remendado pelos próprios fundadores do clube e a casa pintada com as cores da equipa – azul e amarelo. Por meio de subscrição conseguiu-se o suficiente para comprar uma mesa de ping-pong, cadeiras, e «mutchinhas», quadros com motivos desportivos, de entre os quais se destacava uma estampa emoldurada de equipa de Boca Júnior, cujo equipamento seduziu desde sempre os amarantinos, que como se escreveu atrás adoptaram as cores dos seus ídolos argentinos.
Em 1941, a sede já era pequena para tantos sócios, ganhos durante os primeiros anos de vida, graças ao saber estar, aos bailes (em ambiente familiar), às atividades culturais – récitas no Eden-Park, na própria sede e na do Derby, na casa de Nhô Filipe Carpinteiro, no alto Mira Mar, etc.; animação de carnaval; declamação de poemas, etc… e à diversidade de manifestações desportivas que realizava. Por exemplo, aquando do segundo aniversário, foi sucesso uma corrida de fundo, de cinco mil metros, na qual participaram 19 rapazes, entre os 15 e 16 anos; em 1941, no court de ténis do Castilho, um espetáculo com exibições atléticas e acrobáticas – atuações na barra fixa, argolas, trapézio, plinto com saltos mortais e de anjo, saltos à vara, em altura e em comprimento – e um combate de boxe.
Com o público mindelense conquistado, era preciso uma sede maior e melhor. Daí ter-se mudado de Nha Dadô de Alberto, em Fonte Doutor, sob renda mensal de cem escudos. Um bar bem fornecido e jogos de mesa conferiram à nova sede um assinalável movimento, quer de dia como à noite.
Foi neste período áureo, que Amarante viu publicado o seu Estatuto, no Boletim Oficial n.º 18 de 1 de maio de 1947, por alvará do Governo da Colónia, passando a chamar-se Grémio Desportivo Amarante.
Como clube federado e no gozo de plenos direitos passou a tomar parte nas competições oficiais envergando as suas camisolas. Já nas épocas de 43/44 e 44/45 havia representado as equipas do Castilho e do Derby, por estas não possuírem equipa de futebol, tendo ganho os dois campeonatos graças à esplêndida preparação física e boa técnica dos seus jogadores. A época, para além de uma equipa de futebol de bom nível, o Amarante possuia também bons praticantes de basquete, ténis, vólei, cricket e futebol de salão. A fechar uma década de ouro, o Amarante ganhou o seu primeiro título oficial na época 48/49.
PALMARÉS
Campeão São Vicente- época 1943/1944
Campeão São Vicente- época 1944/1945
Campeão São Vicente- época 1948/1949
Campeão Regional- época 1960/1961
Campeão Nacional- época 1998/1999