Ângela Gomes, médica e actual directora da Região Sanitária de Santo Antão, estreia-se na política como deputada eleita do MpD (Movimento para a Democracia) pelo círculo de Santo Antão. Como mulher não teme o sexismo e nem o machismo na política e diz-se pronta para encarar mais um desafio em prol do desenvolvimento de Cabo Verde. A saúde pública será um dos seus focos no Parlamento.
Desafiada a dar o contributo no desenvolvimento de Cabo Verde, enquanto deputada nacional, Ângela Gomes diz ter aceitado o desafio com optimismo e humildade. Assume que a política “também é um caminho” para participar no desenvolvimento do país.
“Fui desafiada a ingressar na política. A decisão não partiu directamente da minha parte, mas são desafios e como tal gosto e vi que a política também pode ser um caminho para dar a minha contribuição para o desenvolvimento de Cabo Verde. A política só vem realçar áreas de liderança no meu percurso”, avança Ângela Gomes ao A NAÇÃO.
A lei da paridade, segundo diz, teve “um grande impulso” na decisão de entrar no parlamento e de repor “alguma injustiça e exclusão” que as mulheres têm tido. Contudo, destaca que, as mulheres, por si só, podem estar em qualquer lugar por competência própria.
“A lei da paridade teve um grande impulso. É uma oportunidade de reposição de alguma injustiça, de falta de oportunidades que as mulheres têm tido, mas não posso deixar de realçar que a mulher é capaz de por si só, tendo a vontade e aptidão, de aceitar e se desafiar com qualquer tipo de caminho que ela decida que seja bom pra ela e que contribua para o bem comum”, reconhece.
Aliás, como diz, a lei provocou, ainda mais, a necessidade das próprias mulheres de participarem na política e de forçar, positivamente, o posicionamento de mulheres em outras áreas.
Desafio constante
Ângela Gomes avança que, como mulher, sempre desafiou a vida e a sociedade e de se impor, de alguma forma, em áreas maioritariamente masculinas. Na política, entra também com mente aberta e apesar de recear o machismo e o sexismo, não os teme.
“Na política há um receio muito grande, as mulheres se expõem e por si só já são figuras de exposição tendo em conta a sociedade patriarcal. Há um receio com o machismo e sexismo sim, não vou dizer que não, mas para mim não são barreiras para o meu desenvolvimento na política. A mulher tem de se autolibertar”, admite Gomes.
A deputada espera que o respeito seja espelhado em quem pratica a política e que seja demonstrado não só nos discursos no parlamento, mas também no dia-a-dia e nas acções.
Médica de profissão e actualmente directora da Região Sanitária de Santo Antão, Ângela Gomes elege a política de saúde pública como um dos focos. Apesar de achar que se está num “bom caminho”, a deputada eleita defende uma reestruturação da saúde pública, nomeadamente nos programas e políticas de saúde pública, bem como nas formas de intervenção. A
Ângela Gomes é uma das 27 mulheres que compõem o novo Parlamento, da X legislatura, um número superior à legislatura anterior que tinha 17 mulheres na Assembleia Nacional.
(Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 716, de 20 de Maio de 2021)