O presidente da Associação Ponta d’Pom, que há 14 anos desenvolve campanhas de protecção de tartarugas em São Vicente, disse, nestes domingo (23) que a observação da desova das tartarugas, pelos turistas, é uma forma de sensibilização.
Albertino Gonçalves, em declarações à Inforpress, a propósito do Dia Mundial da Tartaruga que se celebra hoje, afirmou que num passado muito recente os maiores consumidores dessa carne eram os turistas, mas defendeu que a mudança do comportamento desses turistas começou a ser vista quando começaram a ser integrados nos programas de observação à desova.
O líder da Associação Ponta d’Pom considerou ainda que as próprias comunidades das zonas piscatórias também já começaram a assumir a preservação das tartarugas, mas reconheceu que a pobreza e o crescimento das dificuldades, principalmente nesta época de pandemia, tem dificultado a mudança de mentalidade das pessoas.
“Uma tartaruga que custava 15 a 25 contos nas mãos de uma família, com as suas dificuldades e que vive do mar, dava-lhe algum jeito. Infelizmente, com a pobreza fica mais difícil a mudança de mentalidade, mas, conseguimos trabalhar com as zonas piscatórias e posso afirmar que as pessoas já estão mais sensibilizadas”, explicou Albertino Gonçalves.
Segundo a mesma fonte, as pessoas capturavam as tartarugas achando que eram um meio de sobrevivência, mas a associação pode actualmente gabar-se de um resultado positivo na sensibilização.
“Temos conseguido alargar o leque de sensibilização e hoje os resultados são positivos. As crianças e adolescentes com quem trabalhamos há alguns anos agora estão em outras associações e há outros que consideramos voluntários mensageiros”, adiantou, indicando que Ponta d’Pom alargou o projecto para as zonas piscatórias do Tarrafal de Monte Trigo e da Ponto do Sol, entre outras zonas da ilha de Santo Antão.
Neste momento, conforme Albertino Gonçalves, já estão na fase preparatória para o arranque da temporada de desova que se vai iniciar em Agosto, próximo, e decorre até Outubro.
Devido à pandemia vão trabalhar com um novo modelo de vigilância das praias, que incluem as directrizes emanadas pela Direcção Nacional do Ambiente, esta que por sua vez se espelha nas orientações do Ministério da Saúde para a prevenção da covid-19.
“Agora vamos nos deslocar para uma vigia nocturna com quatro pessoas e teremos turnos com duas pessoas nas praias. A situação mais preocupante é das pessoas nas tendas, mas sempre optamos por tendas individuais”, frisou o responsável, para quem a associação “já cumpria a regra de ter um biólogo sempre na sua equipa”.
Outra novidade é que, pela primeira vez, a praia de João Évora vai contar com vigia nocturna, durante o período de desova, feito pelos voluntários da “Ponta d’Pom”, que também vão estar nas praias do Norte de Baía e Praia Grande, esta última em parceria com a associação Biosfera I.
Segundo Albertino Gonçalves, o projecto de protecção das tartarugas tem três coordenadores e dez monitores e já contam com 70 pessoas inscritas para pertencer à bolsa de voluntários da Associação Ponta d´Pom, das quais a maior parte são estudantes universitários de direito, turismo entre outras áreas.
c/ Inforpress