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Covid-19

“É triste assistir à irresponsabilidade das pessoas perante a covid-19” – Enfermeira Lara Santos

Lara Santos, natural da Ribeira Grande, Santo Antão, começou a trabalhar como enfermeira ainda nos primeiros meses da covid-19, em Cabo Verde. Passado mais de um ano, e no dia em que se celebra a sua profissão, traz-nos um olhar sob a dura realidade que teve de enfrentar no início da sua carreira e mostra incredulidade perante a “falta de consciência e responsabilidade” das pessoas, que ainda não se protegem contra o vírus.
“No início foi um choque. A primeira sensação foi de medo do desconhecido, pois existia uma grande quantidade de informação sobre o que era entrar em isolamento. Apesar de todo o medo, fui com muita fé e, sobretudo, confiança nos equipamentos de proteção individual (EPI). Entrei com o pé direito”, recorda a enfermeira.
Mais do que o medo do desconhecido, o primeiro contacto com a realidade da covid-19 também foi assustador. “Foi difícil ver um paciente entubado, sob ventilação mecânica. Foi algo novo para mim, que se juntava à consciência pesada de pensar sempre que também estava infectada”, acrescenta.
Adaptação
Conforme conta a este online, com o passar dos dias conseguiu se adaptar aos turnos de 24 horas e a pressão de estar a lidar de perto com o vírus.
Outra fase difícil porque tiveram de passar os profissionais da saúde foi o isolamento. No início foi necessário deixar o lar e a família para ficar em quarentena.
Lara trabalhava durante 15 dias em turnos de 24 horas. Depois disso, tinha de ficar isolada em um residencial por mais alguns dias, até fazer o teste de despiste e poder voltar para casa”, relembra, sublinhando que hoje isto já não acontece. Basta seguir à risca todas as precauções e medidas de proteção necessárias.
“Agora já me habituei à realidade. Sei que é necessário ter mais atenção e utilizar, com rigor, os EPI, de modo a voltar para casa com a consciência tranquila ao fim de cada turno.
Incredulidade
Após tanto trabalho duro e sacrifícios, diz, é difícil assistir à indiferença das pessoas perante o vírus.
“É difícil ver a falta de responsabilidade. Ver pessoas sem máscaras, ou a utilizá-las de forma incorreta. É difícil entender como as festas podem estar em primeiro lugar, em detrimento da própria saúde e da saúde dos familiares. Não é fácil aceitar a irresponsabilidade de terceiros e sermos nós, médicos, enfermeiros e ajudantes de serviços gerais, a pagar com trabalho duro e lidar com a tentativa de salvar vidas, o que muitas vezes não nos é possível”, lamenta Lara Santos.
Esta enfermeira diz se sentir triste ao notar que muitas pessoas ainda sequer acreditam que o vírus é real, ou então das suas consequências imediatas e a longo prazo.
“É duro saber que por causa da irresponsabilidade das pessoas ainda vamos perder vidas”, constata, lançando um apelo, no sentido de se ter cautela, respeitar as medidas sanitárias, higienizar as mãos com frequência e usar máscaras.
Lara Santos lança esse apelo no dia em que se celebra a sua profissão – Dia Mundial da Enfermagem, enaltecendo o trabalho da classe e a necessidade de maior valorização. “Sem enfermagem não se faz saúde”, reforça.
Enquanto enfermeira, garante, faz o seu trabalho com devoção e amor. “Eu escolhi cuidar de pessoas e faço o meu trabalho com amor e humanismo, por cada um dos meus pacientes. O vínculo que construo com cada um é inexplicável”, termina.

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