PUB

Diáspora

Jennifer Silva/Hell’s Kitchen: “Senti-me vitoriosa por ter estado entre os 16 concorrentes”

Jennifer Silva saiu de Cabo Verde em 2018 rumo a Portugal, para tratar um cancro de mama. Sem saber, estava indo atrás não só da sua saúde, mas da realização de um sonho. Entre milhares de concorrentes, ficou entre os 16 selecionados para fazer parte do programa de culinária Hell’ Kitchen, versão portuguesa. Foi a sétima eliminada do programa.

Natural da ilha de São Vicente, em 2018, então com 28 anos, Jennifer Silva descobriu um cancro de mama e mudou-se para Portugal. Em meio a um tratamento que deixa qualquer organismo vulnerável, longe dos filhos e da família, Jennifer encontrou forças para correr atrás do sonho de um dia ter um restaurante próprio.

Ao A NAÇÃO, Jennifer conta que sempre gostou de culinária. “Cresci vendo a minha avó e tia fazendo comida para a família, em São Vicente. Mais tarde me mudei para a cidade da Praia para viver com o meu pai e aprendi a cozinhar com a minha madrasta”, recorda.

Em 2013 deu um passo à frente e fez um curso de culinária na Escola de Hotelaria e Turismo de Cabo Verde, e mais tarde estágio na ilha do Sal. Ainda em Cabo Verde chegou a ter o próprio negócio de doces e salgados em casa e com vendas online.

Entretanto, em 2018 viu a sua vida mudar completamente quando descobriu um cancro de mama. “Desde 2018 estou em Portugal em tratamento. Mesmo doente, continuei a lutar, a correr atrás e nunca pensei em desistir. Quando vi as inscrições abertas para o concurso que seria a primeira edição em formato português, não pensei duas vezes”, recorda.

 A primeira vitória

Para Jennifer, ter sido seleccionada entre milhares de inscritos já foi uma grande vitória. Primeiro numa filtragem de onde saíram 200 seleccionados para a fase de casting e, depois, na selecção dos 16 concorrentes.

O concurso, segundo diz, exige muito dos concorrentes, principalmente por trabalharem com um chefe bastante temido. Entretanto, apesar da aparência de durão, diz Jennifer, Ljubomir Stanisic tem um “coração enorme”, motivo pelo qual gostou muito de trabalhar com ele.

Após ultrapassar várias eliminações, Jennifer foi a sétima concorrente a deixar a cozinha, um percurso que observa com orgulho, já que estava no meio de “grandes concorrentes”, com mais experiência do que ela.

 Promover gastronomia de Cabo Verde

Jennifer assegura que entrou no concurso com dois grandes objectivos. Levar a cultura cabo-verdiana através da culinária e mostrar o poder da mulher. “Mesmo passando por uma doença oncológica, separada dos filhos e da família, nunca me deixei ir abaixo.

Sempre lutei de cabeça erguida”, assegura. Depois de ser eliminada, Jennifer agora olha para frente e por novas metas que quer alcançar. Entre elas continuar a trabalhar e realizar o sonho de ter um restaurante típico caboverdiano em Portugal. “Na bagagem trago novas técnicas, novos conceitos, mais amor pela culinária e pelos alimentos”, confessa.

Para já, o plano é terminar o tratamento, entrar numa escola de gastronomia, aperfeiçoar os seus conhecimentos e fazer estágios. Em Portugal, diz, sente que encontrou o seu lugar. “Eu me renasci desde que cheguei aqui”, frisa.

(Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 713, de 29 de Abril de 2021)

PUB

PUB

PUB

To Top