Rísia Lopes, 26 anos, é formada em jornalismo, mas foi na venda e num negócio próprio que encontrou o trabalho dos seus sonhos. Considera que faltou acompanhamento e orientação para que pudesse escolher desde cedo o percurso que queria fazer, mas ao mesmo tempo não guarda arrependimentos, pois, segundo diz, o jornalismo serviu para abrir os seus horizontes e gerar oportunidades.
Rísia, natural do Mindelo, São Vicente, sempre sentiu a necessidade de estar em uma área onde pudesse ajudar as pessoas, em paralelo por uma grande paixão por vendas. Entre jornalismo, psicologia ou advocacia acabou ficando com a primeira opção.
Entretanto, no mesmo ano em que concluiu a licenciatura, em 2016, começou a trabalhar numa empresa do ramo comercial. Durante quatro meses foi caixa, depois passou para adjunto e gerente de stock e, depois de nove meses, foi promovida à área de marketing e gestão de redes sociais.
Neste último posto, teve a oportunidade de aplicar os conhecimentos de comunicação adquiridos durante o curso e ainda aprender sobre uma nova área, que era o marketing digital.
“Foi interessante porque era algo que nunca estudei. Mas eu sempre fui muito proativa, tudo o que é novidade chama a minha atençao”, explica.
Sem tempo para se acomodar, um ano e sete meses depois foi confrontada com mais uma novidade. Desta vez seria comercial.
“Quando recebi a proposta, sabia que era um desafio e uma responsabilidade enorme, mas fui de cabeça erguida”, recorda.
Foi um conjunto de experiências que impulsionaram a jovem a finalmente arriscar e perseguir o sonho de trabalhar por conta própria.
Negócio próprio
Em dezembro de 2019 criou a RiGo – Loja Online, em parceria com um familiar, que trabalhava na área da programação e que também alimentava o sonho da autonomia.
Um negócio online pareceu ser a melhor opção, mas também precisava trazer algo novo. Algo que faltava no mercado.
“Na época havia uma grande adesão a sites como o AliExpress, e pensamos, porque não abrir um site do género em Cabo Verde, onde as pessoas não precisam esperar um mês para o produto chegar, ou então perder tempo nos correios, se arriscar a receber um produto sem qualidade, entre vários outros factores”, específica.
Ultrapassar barreiras
Após um estudo de mercado, a dupla percebeu que uma das grandes dificuldades dos potenciais clientes era ter um cartão VISA.
“Trabalhamos todo um sistema onde as pessoas podem pagar com cartão, mas também com dinheiro e transferências bancárias”, como forma de levar o negócio a mais pessoas”, recorda.
Mesmo assim, enquanto loja que está alojada num site, um problema continua a persistir.
“Embora o mundo esteja cada vez mais digitalizado, as pessoas ainda estão habituadas ao facilitismo de comprar diretamente no Facebook. As nossas vendas são feitas apenas no site. As redes sociais são utilizadas para publicidade e promoção”, explica.
Mudanças
A RiGo começou como uma loja de roupas e acessórios masculinos e femininos, e também de produtos de artesãos nacionais. Neste último item, a ideia era vender a turistas e fazer com que pudessem regressar às suas origens com um produto de Cabo Verde.
A pandemia boicotou esta estratégia e a venda de roupas masculinas não fluiu como esperado. Por isso, o negócio é hoje uma loja de roupas e acessórios femininos.
“As mulheres consomem mais, são mais emotivas”, diz Rísia Lopes.
Segundo a jovem, fazer esta adaptação mostra a necessidade de se estar pronto a mudanças, analisar o mercado e inovar no negócio para que ele tenha continuidade.
RiGo, que hoje tem como proprietária apenas a nossa entrevistada, conta com cerca de mil cadastrados no seu site e emprega mais um jovem.
Para o futuro, Rísia alimenta o sonho de expandir a marca de passar a produzir localmente, com designers e costureiras qualificados.