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Saúde

Quando a menopausa precoce põe fim ao sonho de ser mãe 

A menopausa indica o fim do ciclo reprodutivo das mulheres que acontece entre os 45 e 55 anos de idade. Contudo, há casos em que a mulher inicia precocemente uma fase de menopausa, colocando fim, muitas vezes, ao sonho de ser mãe ou ter mais filhos.

Cristina Lopes, nome fictício, começou a apresentar os primeiros sintomas de menopausa precoce aos 28 anos. 

Calor intenso e suor excessivo, acenderam os sinais de alerta. Já com 30 anos deixou de menstruar o que fez com que procurasse uma ginecologista, confirmando assim, precocemente, uma menopausa, após exames hormonais.

“Quando me foi diagnosticada com menopausa precoce a princípio não conseguia aceitar, tentei de alguma forma negar aquilo, mas depois  conversei comigo mesma para aceitar que não podia mais ter filhos”, conta Cristina ao A Nação.

Sonho roubado

Já com um filho de 14 anos, Cristina ainda planeava mais uma gravidez, e ter uma menina de que tanto sonhava, mas que a menopausa precoce pôs fim ao sonho. Afinal, diz “ter nascido para ser mãe”.

“Queria também uma menina, que sempre quis ter, mas estou feliz com o meu filho e agradeço por chegar a ter um filho antes da menopausa precoce, porque há mulheres que entram nesta fase sem nenhum filho”, diz Cristina.

Para além da angústia de não poder ter mais filhos, Cristina procura lidar com as transformações corporais ocasionadas pela menopausa, contudo optou por não fazer nenhum tratamento devido a alguns riscos que poderia acarretar para a sua saúde. 

A menopausa é o nome que se dá a última menstruação da mulher, que ocorre entre os 45 e 55 anos de idade, marcando assim o fim da fase reprodutiva da mulher, ocasionado pela falência dos ovários. 

Neusa Semedo- Ginecologista 

A fase precoce da menopausa é rara e no caso de Cristina não se determinou nenhuma causa.  A médica ginecologista Neusa Semedo faz saber que a menopausa precoce surge quando a mulher nasce com uma reserva menor de folículos ovarianos, ou pelo consumo ao longo da vida dos folículos de forma mais rápida do que o habitual.

As anomalias genéticas, exposição a toxinas, e doenças auto-imunes são também apontadas pela ginecologista como causa da menopausa precoce, que entretanto, diz ser difícil definir com exatidão a causa da insuficiência ovariana.

“O diagnóstico da menopausa precoce pode ser devastador para a mulher, principalmente se a mesma ainda quiser ter filhos. Por isso, não basta o tratamento apenas para problemas físicos, é preciso também cuidar da parte emocional da paciente”, realça a ginecologista Neusa Semedo.

Contudo, a esperança é a última a morrer. Cinco a 10 % das mulheres com menopausa precoce, segundo a ginecologista, são capazes de ter filhos, através de um tratamento “complicado” de fertilização em vidro com ovos doados, técnica que ainda não é aplicada em Cabo Verde.

Em Cabo Verde os casos de menopausa precoce não são comuns e segundo a ginecologista Neusa Semedo devem obedecer aos estudos de que apenas 0,1% das mulheres entram na menopausa antes dos 30 anos, 0,25% antes dos 35 e 1% antes dos 40. 

Menopausa “normal”

Seja a menopausa precoce ou a normal, ela altera a qualidade de vida das mulheres  devido às alterações fisiológicas. 

“Este período é caracterizado por ciclos menstruais irregulares e marcantes flutuações hormonais, muitas vezes acompanhados por ondas de calor, suores noturnos, distúrbios do sono, depressão, ansiedade, variações súbitas de humor, secura vaginal, redução da libido (do prazer sexual), “memória fraca”, infeções urinárias, desequilíbrio e tontura, sensação de barriga inchada, entre outros”, aponta a médica Neusa Semedo.  

A ginecologista Neusa Semedo avança que a menopausa pode ser um factor de risco para o desenvolvimento de doenças como o aumento da incidência de osteoporose, doenças cardiovasculares, dislipidemia e redução da saúde dos dentes e das gengivas, devido a redução drástica de produção de estrogênio. 

Manter uma alimentação saudável, rica em cálcio e vitamina D e pobre em gorduras saturadas, evitar cigarro e consumo excessivo de álcool ou cafeína, fazer exercícios regularmente, manter peso adequado, evitar o estresse e ter acompanhamento médico regular são as recomendações deixadas por Neusa Semedo, no sentido de melhorar a qualidade de vida das mulheres na menopausa e evitar doenças associadas.

“A Menopausa é um processo inevitável, irreversível e universal para todas as mulheres. Ela não é uma doença. Por isso a mulher deve procurar informações sobre essa fase de sua vida para melhor entender, aceitar e viver da melhor forma possível”, sublinha Neusa Semedo. 

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