PUB

São Vicente

Mindelo despediu-se de Onésimo Silveira com palmas e rosas brancas

Mindelo despediu-se, durante a tarde de ontem, do político e escritor Onésimo Silveira, seu primeiro presidente de câmara em democracia. O cortejo foi marcado por muita consternação, mas também por muitas palmas e rosas brancas.

Apesar da pandemia, Onésimo Silveira foi acompanhado por dezenas de pessoas à sua última morada.

O cortejo teve início às 10h da manhã, com o corpo em câmara ardente no salão nobre dos Paços do Concelho e terminou pouco depois das 18h quando foi dado à terra no Cemitério de São Vicente.

Logo após a cerimónia oficial, às 16h00, o povo que aguardava no exterior da Câmara Municipal de São Vicente ofereceu a Onésimo Silveira a primeira chuva de palmas, quando a urna que transportava o corpo foi vista à saída do edifício, onde dois militares faziam a guarda de honra, perante as bandeiras da República e do município a meia haste. 

Após a partida, o cortejo seguiu-se pela Rua de Lisboa, e depois Avenida Baltazar Lopes e Avenida 5 de Julho, antes da primeira paragem na Universidade do Mindelo, sempre ao som da morna “Sodade de Nho Roque”, de Manuel de Novas.

Passou ainda na Avenida de 5 de Julho e pela Rua de Praia, muito presente nos seus livros e poesias, e moradia da sede do Clube Sportivo Mindelense, clube do seu pai, Jom d’Dóia, tido como um dos melhores futebolistas do seu tempo, e de que o filho Onésimo era adepto.

Devido à pandemia, o acesso ao interior do cemitério foi limitado pelo que muitos tiveram de se despedir à porta, onde Onésimo recebeu a última chuva de palmas.

Onésimo Silveira faleceu na manhã de quinta-feira, 29, aos 86 anos, no Mindelo, sua cidade natal, vítima de doença prolongada.

Vida e obra

Nasceu em São Vicente e doutorou-se em Ciência Política, pela Universidade de Uppsala (Suécia), em 1976, ano em que começou a trabalhar na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque.

Em 1977, transitou para a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR) com o estatuto de diplomata, ali permanecendo até Dezembro de 1990, com passagens por países como Somália, Angola e Moçambique.

Em 1992, tornou-se o primeiro presidente eleito da Câmara Municipal de São Vicente, cargo em que permaneceu até 2001.

Em 2002, suspendeu o mandato de deputado à Assembleia Nacional e aceitou a nomeação para embaixador extraordinário e plenipotenciário de Cabo Verde em Portugal, Israel, Espanha e Marrocos.

A nível cultural, é considerado um dos mais proeminentes membros da elite literária cabo-verdiana, tendo muitos trabalhos publicados no campo da literatura.

Fundou o Partido do Trabalho e da Solidariedade (PTS), depois da ruptura com o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (ex-PAIGC) e nos últimos anos tornou-se uma das vozes mais activas pela regionalização do país.

Em 08 de Dezembro de 2012 foi distinguido com o doutoramento Honoris Causa pela Universidade do Mindelo pelo “imenso contributo para a democratização” do País e pelo seu papel na “internacionalização do municipalismo cabo-verdiano”.

C/ Inforpress

PUB

PUB

PUB

To Top