Os criadores de gado da localidade de Cachaço, na ilha Brava, dizem-se desesperados com os frequentes ataques de cães vadios que lhes têm dizimado as suas criações de cabras. Pires Mendes, porta voz da comunidade, diz que a devido ao agravamento da situação, nos últimos tempos, já não estão a conseguir leite suficiente para produzir queijo, uma dos principais fontes de rendimento e sustento das famílias.
“Há casos em que alguns pastores viram as suas criações serem reduzidas a metade devido aos ataques de cães”, afirmou Pires Mendes.
Este realça que no ano passado começaram a participar numa acção conjunta com a câmara municipal na captura dos cães vadios, mas, com as críticas que surgiram e outras complicações, essa prática foi suspensa. E com isso em menos de um ano a quantidade de cães triplicou na zona.
“Se não forem tomadas as medidas adequadas e em tempo oportuno o gado caprino na região vai acabar. Já procuramos todos os meios possíveis para salvar essa nossa única forma de sustento mais até agora sem sucesso”, desabafa.
Autarquia promete resolver o problema
O presidente da Câmara Municipal da Brava, Francisco Tavares, avança que na semana passada recebeu um grupo de mais de vinte jovens criadores que se demonstraram desesperados com a situação. E assegura que a autarquia está a procura de uma melhor solução para resolver o problema.
“A Câmara Municipal já tinha tomado uma medida drástica que não é desejável, mas é necessária porque a castração que já tínhamos feito durante quatro anos não resultou. Infelizmente temos de voltar a fazer o que está previsto no Código de Postura Municipal que é a recolha dos cães vadios, aguardar que os donos reclamem, e os que não possuem donos a câmara não tem condições de manter um canil, daí que acabamos por fazer o abate deles da forma menos bruta possível”.
Francisco Tavares admite que a medida possa ser “desagradável”, mas assegura que a solução tem de passar pela proteção do sustento das famílias em detrimento dos cães vadios. Perante esta situação, o edil aproveitou para apelar à comunidade bravense a não deixar os cães soltos e a não os abandonar, explicando que depois estes vão procriar, o que acaba por causar grandes prejuízos às famílias.
Além disso, destacou que a criação de animais na Brava desempenha uma “parte fundamental” da economia da ilha e que dessa forma “não pode continuar”, conclui.
C/Inforpress
(Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 706, de 11 de Março de 2021)