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Cultura

Paula Santana: Uma apaixonada pela morna

Paula Santana é uma cantora nascida em Luanda (Angola) que se declara “completamente apaixonada” pela morna, ritmo que conheceu ainda bébé, no convívio com a ama cabo-verdiana e que mais tarde reencontrou em Portugal, onde reside desde os seis anos. As músicas que interpreta são fruto de muita pesquisa, escolhidas a dedo, entre composições “guardadas na gaveta”.

Paula nasceu em Luanda, mas aos seis anos mudou-se para Portugal. Há cerca de sete anos reencontrou a morna, ritmo que a acompanhou desde pequena, em Angola. Não tivesse tido os primeiros contactos com o estilo musical ainda criança, seria amor à primeira vista.

“Quando ouvi, imediatamente despertou em mim sentimentos que eu não conhecia, pois comecei a chorar, senti-me muito emocionada e até nervosa. E eu não percebia porque é que estava a ter aquelas emoções e sensações tão fortes”, recorda.

A cantora descreve a morna como “apaixonante”. “Pela sua dolência, pela sua mansidão – talvez por isso se chama morna -, pelas memórias que me traz, pela sensação de embalo e de regresso ao colo que eu tive, que foi o colo de menina e que que me provoca sensações muito boas”, explica, em entrevista ao A NAÇÃO.

Pérolas escondidas

Entre um vasto e rico repertório de composições, Paula escolhe as menos conhecidas. São carinhosamente chamadas de pérolas. Pouco conhecidas, quando as canta, gera surpresa nos seus ouvintes e até mesmo entre artistas cabo-verdianos com quem já dividiu o palco.

As composições, segundo diz, são pesquisadas por ela, para fugir aos temas mais comerciais e trazer músicas guardadas na gaveta.

“Quando canto perante cabo-verdianos, geralmente ficam sempre muito surpreendidos por eu cantar canções que não são as usualmente ouvidas. Ficam surpreendidas por eu as conhecer”, declara.

Entre artistas cabo-verdianos, o sentimento é o mesmo. “Fui sempre muito bem acolhida e foi sempre um prazer enorme trabalhar com eles”, explica, apontando nomes como Armando Tito, José António, Adérito Pontes, Humberto Ramos e vários outros.

Entre os compositores que mais aprecia estão Eugénio Tavares, B.Leza, Betú, Manuel de Novas, Jotamonte, Frank Cavaquinho, Tututa e Abílio Duarte.

Em Cabo Verde, Paula já cantou em cafés, entre grupos de amigos e conhecidos, mas nunca fez um concerto. Um desejo que espera um dia realizar.

Morna e fado… o retrato de dois povos

Morna e fado são dois ritos identitários de Cabo Verde e Portugal, respectivamente. Ambas retratam a vivência e os sentires dos seus povos. Apesar de também cantar fado, Paula não é fadista, mas considera-se cantora de mornas.

Dois ritmos, segundo ela, tão semelhantes quanto diferentes. “Identifico a morna com o calor, o sofrimento, a saudade, com a lua e o mar, com o esforço de um povo e sua luta para sobreviver e ter uma vida melhor. A morna dignifica e enaltece bastante o amor nas suas variadas vertentes e fala muito da saudade, da partida”, analisa.

Por outro lado, diz, o fado também retrata a maneira de ser de um povo. “Mas são dois géneros, quanto a mim, um pouco diferentes. A morna é mais dolente e expansiva. Sou apaixonada”, concluiu.

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