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Economia

Negócios sociais e amigos do ambiente ganham espaço

Um novo tipo de empresas vem ganhando forma e mercado no país. São os chamados negócios sociais que vêm surgindo através de empreendimentos que buscam ser sustentáveis e ao mesmo tempo amigos do ambiente. Simili e Biodosa são dois exemplos. Surgiram para ajudar a sociedade, sem abrir mão da rentabilidade financeira.

De um lado, duas empreendedoras que  querem ajudar o meio ambiente e, do outro, mulheres costureiras. Este foi o campo de visão de Débora Roberto e Helena Moscoso, 37 anos, fundadoras da Simili.

Neste caso, o negócio de transformação e reciclagem tem foco no desperdício, principalmente, no lixo marinho.

O desafio da empresa, com dois anos de existência, tem sido mudar a vida de mulheres da comunidade piscatória da Salamansa, em São Vicente. 

“Neste momento estamos a trabalhar com algumas empresas em relação ao lixo que criam. O nosso projecto na Salamansa está mais sólido, onde transformamos redes que recolhemos nas praias em bolsas”, faz saber Débora Roberto, uma das fundadoras da Simili.

A principal questão por trás deste tipo de empreendimento é como transformar problemas sociais e ambientais em oportunidades de negócio que promovam o desenvolvimento humano.

Mas o maior desafio de construir um negócio social, segundo aquela empreendedora, é lidar, exactamente, tanto com o social e ambiental quanto com a economia e encontrar o equilíbrio entre um e outro.

“Nem sempre é fácil trabalhar com a comunidade, temos que adaptar o funcionamento da empresa, horários e maneiras de viver dos moradores de Salamansa para conseguirmos realizar um bom trabalho.

Mas tem sido compensador, sentimos que as nossas colaboradoras gostam do que fazem e empenham-se. Muitos das bolsas que saem é da criação dessas mulheres”, explica Helena Moscoso.

Óleo alimentar transformado em sabão e detergente

Como forma de evitar que o óleo de cozinha chegue à natureza, ou aos canos de esgotos e proteger o meio ambiente, a empresa ecológica Biodosa, criada pelos engenheiros químicos Deritson de Pina e Alex Mascarenhas, produz sabões e detergentes.

Em dois anos de existência, já recolheu cerca de nove toneladas de óleo em restaurantes e particulares na cidade da Praia. Dessa recolha, conseguiu reciclar perto de 7,5 toneladas, o que é considerado um bom resultado pelos dois amigos.

“O nosso objectivo é minimizar o impacto ambiental causado pelos resíduos e consciencializar as pessoas relativamente à ecologia e viver de forma sustentável”, explica Deritson de Pina ao A NAÇÃO.

Por mês, a Biodosa produz em média 1500 sabões de barra e vende mil a um preço de 40 escudos na fábrica e 30 escudos para os revendedores. Enviam para as ilhas do Sal, Maio e Fogo.

Segundo Deriston de Pina, 26 anos, por enquanto o foco é a reciclagem de óleo, mas a Biodosa ambiciona trabalhar com todo o tipo de resíduos para os transformar num produto amigo do ambiente e biodegradável.

À semelhança da Simili, a Biodosa a pretende também trabalhar com outros tipos de resíduos, nomeadamente plástico e papel.

Apesar dessas empresas já terem os seus clientes, esses empreendedores salientam que ainda há “muita resistência” em Cabo Verde relativamente aos produtos ecológicos e feitos no país.

Por isso, além da reciclagem, as empresas apostam forte na consciencialização das pessoas para a proteção ambiental.

Actualmente, tanto a Simili como a Biodosa utilizam o Facebook como ferramenta para divulgar o seu trabalho e com isso aumentar o seu público alvo, por meio de conteúdos explicativos que mostram os benefícios do que estão a fazer pensando no meio ambiente.

Com a expansão urbana e populacional, surgem novos hábitos de consumo, sendo que, neste momento, Cabo Verde é um mercado em crescimento.

Porém, os empreendedores da Simili e da Biodosa perspectivam que, com a conscientização ambiental, mais consumidores surgirão, diminuindo, assim, os custos de produção e logística. Ambas empresas dizem ambicionar, com os seus negócios, causar impacto na sociedade e ao mesmo tempo serem sustentáveis.

(Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 704, de 25 de Fevereiro de 2021)

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