O Senado dos Estados Unidos da América (EUA) inicia, hoje, o julgamento político do ex-Presidente dos EUA Donald Trump que é acusado de ter responsabilidade direta no ataque ao Capitólio, em 06 de janeiro, altura em que morreram cinco pessoas.
O processo terá início às 13h locais (17 horas de Cabo Verde) no Senado, onde os 100 senadores que farão as vezes de júri julgarão Trump pelo “crime constitucional mais grave”, embora ele já não esteja na Casa Branca.
Na Câmara de Representantes, onde têm uma confortável maioria, os democratas conseguiram aprovar a destituição de Trump, mas dificilmente conseguirão a maioria qualificada no Senado tendo em conta a oposição dos republicanos, que alegam falta de legitimidade constitucional.
Nenhuma testemunha deverá ser convocada uma vez que os senadores empossados como jurados receberão vídeos explícitos de cenas do ataque ao Capitólio, altura em que os próprios senadores foram forçados a fugir para garantirem a sua segurança. Por sua vez, Trump, que se encontra na sua residência em Mar-a-Lago, Flórida, rejeitou o pedido para depor.
Donald Trump é o primeiro presidente dos Estados Unidos a enfrentar acusações após deixar o cargo e o primeiro a ser sujeito a “impeachment” em duas ocasiões. Ele continua a desafiar as normas e tradições da presidência mesmo depois da derrota.
Embora seja altamente provável que seja absolvido, o julgamento vai testar a atitude nacional em relação ao seu estilo presidencial, a determinação dos democratas em processá-lo e a lealdade dos aliados republicanos em defendê-lo.
A invasão ao Capitólio a 6 de Janeiro, um acto terrorista que chocou o país e o mundo, ocorreu depois de o presidente Trump ter encorajado a multidão num comício a “lutar com todas as suas forças” para o seu segundo mandato após as últimas eleições presidenciais. Os agressores invadiram o prédio federal para tentarem impedir a certificação de vitória do presidente eleito Joe Biden. Na ocasião, morreram cinco pessoas, tendo-se registado centenas de feridos.
“Teatro político”, dizem advogados de Trump
Em documentos apresentados esta segunda-feira, 08, os advogados do ex-presidente lançaram um ataque à Câmara dos Representantes e descreveram o julgamento como um “teatro político”.
Os defensores de Trump estão preparando-se para desafiar tanto a constitucionalidade do julgamento quanto qualquer indício de que ele seja o culpado pelo golpe. Eles alegam que ele estava simplesmente exercendo seus direitos da Primeira Emenda quando encorajou seus partidários a protestar no Capitólio. E alegam que o Senado não tem o direito de processá-lo depois dele ter deixado o cargo.
“Embora eles nunca estejam dispostos a permitir que uma ‘boa crise’ passe inexplorada, os líderes democratas são incapazes de entender que nem tudo pode sempre ser atribuído aos seus adversários políticos”, dizem os advogados de Trump.
